Da Redação
Com Lusa
A melhoria das interconexões energéticas entre a Península Ibérica e a Europa, tema da cimeira entre Portugal, Espanha e França, na sexta-feira em Lisboa, permitirá potenciar a exportação da eletricidade produzida no país por fontes renováveis, segundo o Governo.
“Nós, ao nível da União Europeia, estamos envolvidos na construção do chamado mercado único europeu, o que significa também construir uma importante dimensão, a do mercado europeu da energia”, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Para tal, “é necessário que a condição atual da Península Ibérica, que é uma espécie de ilha energética na Europa, seja corrigida e ultrapassada”, indicou.
Atualmente, a conectividade de Portugal e Espanha com o resto da Europa “é muito diminuta”.
“O nosso objetivo de melhorar as interconexões no domínio da energia no âmbito europeu é de procurar chegar a pelo menos 10%. Atualmente, o nível de interconexões da Península Ibérica com o resto da Europa está abaixo dos 3%. É preciso corrigir esta situação”, explicou Santos Silva.
O ministro advertiu que “antes de se decidir que vias técnicas serão seguidas, é preciso que os três países e a Comissão Europeia se entendam sobre a necessidade de aumentar significativamente o nível de interconexão”.
“Estamos a falar de energia elétrica, designadamente a que é produzida a partir de fontes não renováveis”, afirmou o ministro, acrescentando: “Não queremos isso, queremos que seja cada vez mais produzida a partir de fontes renováveis – no nosso caso significa a água, o vento e o sol”.
O “mais importante”, sublinhou o chefe da diplomacia portuguesa, é que uma maior interconexão energética com a Europa permitirá a Portugal exportar a eletricidade produzida a partir destas fontes.
“Para que a capacidade instalada que temos sejam plenamente aproveitada, é preciso que tenhamos capacidade de exportação e para isso é preciso que a eletricidade chegue ao resto da Europa”, afirmou Santos Silva, recordando que em março Portugal já produziu acima da capacidade de consumo.
De acordo com o ministro, “é disso que se vai tratar na próxima sexta-feira para Lisboa”. “Quanto melhor for o nível de interconexões, maior é a natureza europeia do mercado de energia, que é o objetivo de todos”, considerou.
A reunião de sexta-feira, em Lisboa, reunirá o primeiro-ministro português, António Costa; o Presidente francês, Emmanuel Macron; o chefe do Governo espanhol, Pedro Sanchéz; o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e a vice-presidente do Banco Europeu do Investimento, Emma Navarro.
A União Europeia definiu o objetivo de 10% de interligações até 2020 e de 15% até 2030. A última cimeira sobre interligações energéticas aconteceu em Madrid, em 2015.