A carga poluente que afetou o rio Tejo na zona de Abrantes teve origem nas descargas da indústria da pasta de papel.
Da Redação
Com Lusa
Em Portugal, o Ministério Público notificou a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território de que os elementos recolhidos no âmbito do inquérito sobre a poluição no Tejo estão em segredo de justiça.
Em nota divulgada dia 09, a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) explica que recebeu uma notificação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Castelo Branco sobre o inquérito por crime de poluição no rio Tejo.
“Todos os elementos já coligidos, bem como todos os demais elementos juntos e a obter, relativos à investigação no âmbito do processo de inquérito (…) se encontram sujeitos a segredo de justiça”, lê-se na nota.
Neste âmbito, a IGAMAOT adianta que “todos os órgãos, serviços, ou pessoas com contacto com o referido processo, estão impedidos de divulgar quaisquer informações, designadamente elementos de prova, resultados de análises ou de outras quaisquer diligências”.
A Procuradoria Geral da República (PGR) revelou, no dia 27 de janeiro, que o Ministério Público instaurou um inquérito a empresas de Vila Velha de Ródão, na sequência de uma participação de crime de poluição apresentada pelo Ministério do Ambiente.
A abertura do inquérito surgiu na sequência dos recentes fenômenos de poluição detectados a 24 de janeiro, junto à queda de água do açude insuflável de Abrantes.
No dia 31 de janeiro, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, revelou que a carga poluente que afetou o rio Tejo na zona de Abrantes, teve origem nas descargas da indústria da pasta de papel.
Incompetência
Antes, a Celtejo acusou à Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território de “incompetência” na recolha das amostras nos coletores da empresa e vincou que a situação “é profundamente penalizadora”.
Fonte da Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri, em Vila Velha de Ródão, disse à Lusa não compreender o atraso na recolha das amostras por parte da IGAMAOT.
A empresa adiantou que as amostras sempre foram recolhidas normalmente e que outras autoridades o fizeram em simultâneo sem que tenha havido qualquer problema.
A recolha de amostras na Celtejo só foi possível à quarta tentativa e com o recurso a três inspetores em permanência durante 24 horas, disse na segunda-feira o inspetor-geral da IGAMAOT, Nuno Banza, numa conferência de imprensa de apresentação dos resultados das análises efetuadas aos efluentes das ETAR urbanas e industriais descarregados no rio Tejo.
“A recolha de amostras na indústria Celtejo teve por duas vezes problemas ao nível do coletor automático que não recolheu o líquido por razões que desconhecemos. Na terceira tentativa, pedimos o apoio da GNR, do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente e esse coletor foi guardado. Durante 24 horas o coletor funcionou, no entanto, apenas recolheu no final alguma espuma e muito pouco líquido”, declarou Nuno Banza.
Fonte da fábrica de Vila Velha de Ródão afirmou à Lusa que “a incompetência na recolha, mesmo com a presença das autoridades em permanência no local, é profundamente penalizadora para a Celtejo”
Na terça-feira, o proTejo-Movimento pelo Tejo acusou também a IGAMAOT de “incompetência” na recolha de amostras na sequência do episódio de poluição registrada no rio.