Inglaterra mantém Portugal fora dos corredores de viagem

Da Redação
Com Lusa

Portugal continua de fora dos corredores de viagens que isentam os passageiros de quarentena na chegada ao Reino Unido, apesar de o Governo britânico ter adicionado mais cinco países.

Estônia, Letônia, Eslováquia, Eslovênia e as ilhas de St. Vincent, nas Caraíbas, foram nesta sexta-feira acrescentadas à lista pelo ministério dos Transportes britânico, na sequência de uma avaliação dos risco de infeção com covid-19.

A partir de dia 28 de julho, as pessoas que viagem destes países para Inglaterra não precisam cumprir a quarentena de 14 dias exigida, cabendo depois às restantes nações (Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) aplicar a decisão do governo britânico.

O ministério dos Transportes acrescenta que poderá introduzir “alterações semanalmente (se necessário), para refletir a mudança do panorama da saúde a nível internacional”, adicionando países à lista ou impondo restrições se a situação de saúde de um país se deteriorar.

O anúncio contraria notícias da imprensa britânica nos últimos dias, que davam conta da possibilidade de Portugal ser admitido na lista dos corredores de viagem.

O jornal The Times noticiou na quinta-feira que Londres iria ceder à “pressão poderosa” do Governo português, enquanto que o Daily Telegraph adiantou a possibilidade de um levantamento parcial de restrições para certas regiões portuguesas menos afetadas pela pandemia covid-19.

O ministro dos Transportes, Grant Shapps, tinha indicado que uma reavaliação seria feita até 27 de julho, invocando o uso de “critérios científicos e sanitários” determinados pelo Centro de Biosegurança Comum e pela direção geral de saúde de Inglaterra, com dados oficiais e modelos matemáticos da universidade London School of Hygiene and Tropical Medicine.

Na semana passada, a secretária de Estado do Turismo portuguesa, Rita Marques, manifestou pouca confiança na admissão de Portugal à lista dos corredores de viagem com o Reino Unido devido ao critério usado, a taxa de infecção, continuar alta.

Porém, a ministra da Saúde, Marta Temido, destacou no início desta semana como “sinal encorajador” a descida da taxa de incidência da covid-19 em Portugal para 19 casos por 100.000 habitantes nos últimos sete dias, menos de metade do valor das duas semanas anteriores.

Outros países mantém restrições a viajantes de Portugal, como Áustria, Irlanda, Noruega, Dinamarca, Finlândia ou Bélgica.

Até quinta-feira, de acordo com os dados oficiais, o Reino Unido registrou 45.554 mortos em mais de 297 mil casos, enquanto que Portugal contabilizou 1.705 mortos associados à covid-19 em 49.379 casos de contágio confirmados.

O Reino Unido introduziu a necessidade de quarentena por 14 dias a todas as pessoas que cheguem do estrangeiro ao Reino Unido em 08 de junho para evitar a importação de infecções, mas um mês depois isentou mais de 70 países e territórios, considerados de baixo risco.

O ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) britânico deixou também de desaconselhar viagens não essenciais para uma série de destinos, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira, mas estes territórios continuam sujeitos a quarentena.

A medida foi criticada por empresas do setor do turismo e transporte aéreo, acadêmicos e políticos, incluindo do próprio partido Conservador.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, considerou nessa altura a exclusão de Portugal da lista de corredores de viagem “absurda” e “errada” e sugeriu um impacto nas relações bilaterais.

O embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes, num artigo para o jornal Daily Telegraph na semana passada, alertou para o “enorme” impacto econômico da decisão, o qual pode ser “prolongado” se [a decisão] não fosse alterada na próxima reavaliação, referindo-se à atual.

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