Incêndio na Madeira “praticamente consolidado”, área ardida ultrapassa 5.045 hectares

O incêndio rural na Madeira deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol, Eira do Serrado, Câmara de Lobos, 20 de agosto de 2024. A Madeira registou já 4.392 hectares de área ardida, na sequência do incêndio que atinge a região desde quarta-feira, indicou o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC), António Nunes. HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Da Redação com Lusa

 

O incêndio que deflagrou há 10 dias na Madeira encontra-se “praticamente consolidado”, indicou hoje o Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC), apontando para a existência de “alguns pontos quentes”, na Cordilheira Central (Pico Ruivo) e na Ponta do Sol (Lombada).

“No dia 23 de agosto no teatro de operações tivemos helicóptero (H-35), dois aviões Canadair, mais de uma dezena de veículos e mais de 110 operacionais”, refere o SRPC numa nota com o ponto de situação do incêndio relativo às 21:00.

Os aviões Canadair efetuaram 18 descargas nos focos ativos no Pico Ruivo e Ponta do Sol (Lombada), totalizando 26 descargas desde o início da sua chegada, na quinta-feira, adianta a autoridade regional.

Por sua vez, o helicóptero (H-35) realizou um total de 327 descargas desde o dia 14 de agosto, para apoiar os operacionais no combate direto ao fogo, sendo que hoje efetuou 57 descargas.

O combate ao fogo envolve elementos dos corpos de bombeiros da Região Autónoma da Madeira, a Força Operacional Conjunta (FOCON), bombeiros voluntários dos Açores, elementos da Guarda Nacional Republicana, Instituto das Florestas e Conservação da Natureza e Polícia de Segurança Pública.

De acordo com o SRPC, a atividade dos meios aéreos foi hoje complementada no terreno por mais 110 bombeiros, que “em condições difíceis realizaram um excelente trabalho de combate ao incêndio”.

“O trabalho contínuo e de forma interrupta é fundamental para conter o avanço das chamas”, adverte, sublinhando que “são homens de coragem que enfrentam diariamente a força do fogo com o objetivo principal de proteger a população, seus bens e o nosso patrimônio”.

No comunicado, a Proteção Civil regional destaca também o desempenho dos voluntários da Delegação da Madeira da Cruz Vermelha Portuguesa, que têm “auxiliado todo o socorro na região na valência de emergência pré-hospitalar, libertando os bombeiros para combater o fogo”.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.

As autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção dos da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.

O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais.

Alguns bombeiros receberam assistência por exaustão ou ferimentos ligeiros, não havendo mais feridos.

Área queimada

A área ardida no incêndio atingiu hoje ao final da manhã os 5.045,8 hectares, segundo dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Copernicus).

A atualização foi divulgada pela agência europeia hoje à noite e reporta-se aos dados recolhidos até cerca das 12:00, sobre o incêndio que começou em 14 de agosto.

O anterior balanço divulgado pela mesma entidade, com o ponto de situação até às 12:00 de quinta-feira, indicava que tinham ardido 5.002,4 hectares.

Na terça-feira, em declarações à Lusa, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC), António Nunes, questionado sobre os números avançados na segunda-feira pelo secretário regional da tutela – que apontavam para sete mil hectares ardidos – explicou que a “confusão deriva de uma avaliação feita pelos limites externos da área ardida”.

No interior dessa área, referiu, “existem muitas bolhas de vegetação que não arderam”.

A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.

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