Da Redação
Com agencias
Um incêndio de grandes proporções atingiu na tarde de 21 de dezembro o Museu da Língua Portuguesa, na Luz, região central da capital. As linhas 7 e 11 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) tiveram a circulação interrompida entre as estações Luz e Brás, devido ao fogo.
A assessoria do Museu da Língua Portuguesa disse que ainda não sabe as causas do incêndio ou se o acervo da instituição foi atingido. Como o museu fica fechado às segundas-feiras, não havia visitantes no local.
O museu está localizado em uma parte do edifício da Estação da Luz. Um dos cartões-postais da cidade, o prédio foi inaugurado em 1867. Atualmente, a estação atende a duas linhas da CPTM e duas do Metrô – a Linha 1 Azul e Linha 4 Amarela.
Ainda esta semana, o Museu abriu pelo quinto ano consecutivo, uma exposição com mais de 100 obras internacionais entre charges, caricaturas e histórias em quadrinhos. A mostra Esta Sala é uma Piada, aberta no dia 15 de dezembro, em exibição até 28 de fevereiro, tem parte das obras em tela virtual. Já na exposição temporária em homenagem a Câmara Cascudo não havia peças originais, apenas réplicas e elementos museográficos.
Segundo o órgão, o Museu cumpria regularmente com todas as rotinas de segurança e contava com seguro contra incêndio.
Reconstrução
O governador Geraldo Alckmin afirmou que o Museu será reconstruído. “Vamos imediatamente tomar todas as providências, unir de novo a iniciativa privada, os nossos parceiros, para sua reconstrução”, disse.
Alckmin também transmitiu condolências à família do brigadista Ronaldo Pereira da Cruz, que morreu enquanto trabalhava tentando controlar o incêndio. “Nossa solidariedade a toda sua família, nosso integral apoio”, afirmou. O governador destacou o trabalho do Corpo de Bombeiros, que atuou com mais de 60 viaturas e 102 bombeiros para combater o fogo.
O secretário da Cultura, Marcelo Araújo, disse que a causa do incêndio será investigada e objeto de perícia pela Polícia Técnica. “O Museu foi totalmente afetado, é uma tragédia para o nosso patrimônio a perda do Museu da Língua Portuguesa, que é um dos museus mais visitados do Brasil e que completaria 10 anos em março do ano que vem”, afirmou.
Araújo explicou que todo o acervo do Museu é digital e possui cópia, o que permite que seja refeito. “Nosso maior compromisso, como o governador já declarou, vai ser juntamente com todos os nossos parceiros da sociedade civil e da área museológica brasileira começarmos imediatamente um processo de restauração do museu para que ele possa ser reaberto o mais breve possível”, declarou.
Através da internet, o Museu divulgou nota lamentando “profundamente” o incêndio, e principalmente a morte do bombeiro civil. “Neste momento, agradecemos a todos os nossos funcionários e equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana e Defesa Civil que não mediram esforços na tentativa de salvaguardar o edifício. Agradecemos também à equipe da Pinacoteca do Estado pelo pronto acolhimento a todos que estavam trabalhando no local”.
“O Museu, assim como a nossa língua, permanecerá vivo e dinâmico. Enquanto o edifício estiver sendo reconstruído, encontraremos outras maneiras de dar continuidade às atividades culturais. Agradecemos as mensagens de apoio e solidariedade que estão chegando de todo o Mundo” declarou.
Portugal a disposição
O ministro da Cultura, João Soares, lamentou e adiantou que o Governo português está “absolutamente disponível” para ajudar na recuperação.
Em declarações à agência Lusa, João Soares disse tratar-se de “um acontecimento trágico, absolutamente lamentável”, naquele que “era seguramente o mais importante Museu de Língua Portuguesa no mundo, com uma dinâmica assinalável”.
“O que importa agora é, para além de lamentar a vítima, deitar mãos à obra para reconstruir de forma dinâmica e renovada o Museu da Língua Portuguesa, e o Ministério da Cultura de Portugal está absolutamente disponível”, adiantou.
João Soares salientou que já entrou em contacto com a secretaria de Estado da Cultura do Brasil para apoiar na renovação do museu, que visitou há anos.
O ministro da Cultura disse ainda que vai ainda receber nesta terça-feira o cônsul de Portugal em São Paulo, que está em Lisboa, para analisar a situação.
Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, declarou à Agência Lusa que recebeu “com consternação” a notícia do incêndio, exprimiu “solidariedade” com os envolvidos e lamentou a morte verificada.
Desde que abriu ao público, o Museu da Língua Portuguesa já recebeu mais de três milhões de visitantes.