Imprensa internacional destaca demissões de ministros portugueses

Da Redação
Com Lusa

Anúncio da demissão do ministro das Finanças Vitor Gaspa, em Lisboa. Foto: MANUEL DE ALMEIDA/ LUSA
Anúncio da demissão do ministro das Finanças Vitor Gaspa, em Lisboa. Foto: MANUEL DE ALMEIDA/ LUSA

A tempestade política em Portugal motivada pela demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, 24 horas após a saída do responsável pelas Finanças, mereceu destaque na imprensa internacional.

“Demissão de outro ministro português ameaça acabar com o Governo”, noticia na sua edição eletrônica do jornal espanhol El País, que sublinha ser a segunda renúncia em 24 horas, após a saída na segunda-feira do ministro das Finanças Vítor Gaspar.

O diário madrileno sublinha que Portas explicou a sua decisão “irrevogável” num comunicado onde refere que a sua renúncia assenta na decisão do primeiro-ministro em manter a continuidade em política económica ao nomear a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, para a pasta das Finanças.

Já o diário El Mundo sublinha que a demissão de Paulo Portas, que “causou surpresa em Portugal” e motivada pela “desconformidade” com a nomeação de Maria Albuquerque para as Finanças “abre a terceira crise ministerial no Governo conservador de Portugal”, que em 4 de abril já tinha assistido à demissão do ministro-adjunto e dos Assuntos parlamentares, Miguel Relvas.

Num artigo de fundo onde é concedida mais importância à situação na Grécia, a página na internet do diário britânico The Guardian refere que a demissão de Paulo Portas coloca potencialmente em crise um país que tenta cumprir os termos do resgate de 78 mil milhões de euros “e onde de volta a falar na possibilidade de eleições antecipadas”.

“Ironicamente, e de acordo com os media locais, a demissão de Gaspar foi a causa para a partida de Portas, pelo facto de o líder do CDS-PP discordar da nomeação de Maria Luís Albuquerque para o substituir nas Finanças”, escreve o diário londrino.

“Portugal atingido por segunda demissão”, noticia por sua vez o diário britânico especialista em assuntos económicos Financial Times, enquanto o diário francês Le Monde divulga numa pequena notícia uma “nova demissão” no executivo português, já “fragilizado” com a partida na segunda-feira de Vítor Gaspar.

“’Apresentei esta manhã a minha demissão […]. O meu pedido é irrevogável’, escreveu num comunicado o senhor Portas, igualmente chefe do pequeno partido conservador CDS-PP, aliado do Partido social-democrata do primeiro-ministro (…)”, escreve o diário francês.

Já o periódico norte-americano Washington Post sublinha que o Governo português está “em risco de colapso” com a partida do ministro dos Negócios Estrangeiros, chefe do partido menor da coligação de centro-direita.

“Apesar de Portas não ter referido se o seu partido vai retirar o apoio ao governo, as demissões colocam em dificuldades no espaço de 24 horas um executivo que se manteve estável durante dois anos”, considera o periódico.

“Ministro chave demite-se em Portugal”, noticia por sua vez a BBC, que abre com a demissão de Paulo Portas o seu noticiário europeu. O sítio na internet da cadeia de rádio e televisão britânica recorda que o ex-chefe da diplomacia tinha ficado responsável pela supervisão dos cortes na despesa após a resignação de Vítor Gaspar, e destaca que na carta enviada ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros já tinha sublinhado a sua discórdia “com o plano de austeridade” de Passos Coelho.

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