IA é uma \”oportunidade que não devemos perder\” em Portugal

Foto Unsplash/Steve Johnson. Inteligência artificial

Da redação com Lusa

 

O presidente da Associação de Economia Digital de Portugal (ACEPI), Alexandre Nilo Fonseca, afirma, em declarações à Lusa, que a aposta na inteligência artificial (IA) é uma \”oportunidade\” que não se deve perder.

A IA \”tem \”muitos desafios que obviamente temos que ter em consideração\”, desde a proteção de dados, ao impacto na educação, na saúde ou até numa forma que possa não ser correta, refere.

Por outro lado, há também o \”tema da utilização da inteligência artificial nos negócios\” e a forma como estes aceleram a produtividade das empresas.

\”Vivemos num mundo global em que os Estados Unidos não tendem a ter restrições tão grandes como a Europa tende a pôr com este ponto de vista da legislação e da regulação, a China então menos ainda\”, sublinha o presidente da ACEPI, quando questionado sobre a aplicação da regulação europeia de IA (IA Act).

\”Não estou a dizer que não tenhamos que ter legislação\”, agora \”acho é que temos que ser só cuidadosos para não criar uma barreira à inovação e ao desenvolvimento da inteligência artificial na Europa e, concretamente aqui, em Portugal\”, salienta.

Há \”áreas que ganham muito pela possibilidade de podermos ter a inteligência artificial a seu favor: estou a pensar na área da saúde, onde podemos aumentar e acelerar o diagnóstico de áreas como o cancro, os enfartes\”, prossegue, já que permite fazer a análise em grande escala de determinado tipo de exames \”em que dificilmente com o olho humano se consegue detetar determinado tipo de variações\”.

A máquina \”consegue verificar, combinar, extrapolar e tirar partido de tudo aquilo que a inteligência artificial pode oferecer para melhorar o diagnóstico\”, sublinha, defendendo que \”essas áreas não devem ser travadas\”.

Contudo, \”temos que ter o cuidado\” com aspetos como a privacidade e os dados e \”também ter atenção se depois não nos colocamos num patamar em que não andamos tão depressa quanto devíamos quando dois dos nossos maiores concorrentes mundiais, que são os Estados Unidos e a China, podem atrasar a Europa\”, adverte.

Agora, \”a utilização da inteligência artificial do ponto de vista do trabalho deve ser incentivada e deve ser altamente promovida (…) porque o aumento da produtividade é aquilo que também vai acelerar a transformação do trabalho\”, acrescenta o responsável.

Alexandre Nilo Fonseca admite que a IA vai provocar a quebra de algum tipo de trabalho, mas \”certamente também vai potenciar a existência de outro\”.

Por isso, é preciso \”criar condições\” para que os mais novos, que estão no secundário e no ensino universitário, aprendam \”o que é que a inteligência artificial lhes pode oferecer e utilizá-la de uma forma que seja adequada\”.

Porque tal como em outras situações, as pessoas podem utilizar a tecnologia para \”praticar crime\”, desde o \’phsishing\’ ao \’ransomware\’ (cibertaques).

\”O crime existe sempre, pessoas disponíveis a praticar crime existem sempre e as ferramentas que estão à disposição vão ser utilizadas como com a desinformação\”, diz.

Agora, \”o que nós não devemos é dizer que porque isso é possível, então vamos atrasar a sua implementação. Não. Temos é que (…) perceber e ter se calhar ferramentas para combater esses novos tipos de crime. Agora, isso não nos deve atrasar, até porque a Europa não está em condições neste momento de se atrasar em nada em relação aos Estados Unidos e à China\”, insiste.

Aliás, \”já estamos muito atrasados em muitas coisas, se há uma que não podemos estar atrasados é, de facto, a inteligência artificial\”, defende.

Portugal, \”pela particularidade\” de ter uma língua que é falada \”por milhões e milhões e milhões de pessoas\” – o crescimento da população em Angola, em Moçambique, em particular no Brasil \”só vai potenciar o crescimento da língua portuguesa\” – tem de \”ter a capacidade de falar com quem produz o \’software\’ e estas ferramentas para que estas sejam trabalhadas em português.

\”Há aqui uma série de coisas que têm que ser pensadas e têm que ser estruturadas para termos uma estratégia para a inteligência artificial que torne não só Portugal num país ganhador dentro da Europa, mas a Europa também, no fundo uma região ganhadora no mundo\”, defende.

\”Acho que a inteligência artificial é uma oportunidade que, de facto, não devemos perder\”, remata Alexandre Nilo Fonseca.

 

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