Hotelaria de Portugal em linha com projeções mundiais e preço pode subir

Da Redação
Com Lusa

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) considera que o desempenho da atividade turística está em linha com as próprias projeções mundiais, após “saltos extraordinários”, e que o preço, com o emergir de novos mercados, tem margem para subir.

Em declarações à Lusa, a presidente executiva da AHP, Siza Vieira, lembrou que o abrandamento do crescimento do número de dormidas de turistas em Portugal “não é nada que não decorra da existência anterior de saltos de crescimento brutais”.

“Devemos contextualizar [este abrandamento] com as previsões da própria Organização Mundial do Turismo [OMT]. Esta salientou que 2018 tinha sido um ano extraordinário de crescimento: atingiu-se 1,4 mil milhões de turistas e só se estava à espera deste crescimento, de 6%, em 2020. Portanto, houve dois anos de antecipação. […] Este crescimento foi uma surpresa e na Europa do Sul e Mediterrânica foi ainda maior, de 7% por comparação, o que representou uma quota de 20% das chegadas de turistas internacionais à Europa. Portanto houve aqui alguma coisa de extraordinário”, afirmou a responsável à Lusa.

Em Portugal, em 2018, o crescimento foi de 3,4% em termos de hóspedes estrangeiros, 15 milhões, num total de quase 25 milhões nos estabelecimentos hoteleiros, o que significa para a AHP que o país “não se desviou daquilo que era o padrão internacional”.

Este ano, dados até maio divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, em 15 de julho, indicam que o número de turistas em Portugal continua a crescer, mas a um ritmo mais moderado. Nos primeiros cinco meses do ano registou-se uma subida de 4,1% nas dormidas totais, com contributos positivos quer dos residentes (7,1%), quer dos não residentes (3%).

“Para 2019, a OMT estima que o crescimento volte a retomar o habitual, 3 a 4%. Há que fazer este enquadramento. Relativamente a Portugal é preciso ver que mesmo os dados do INE continuam a confirmar um crescimento […]. Portanto, diria que retomando uma taxa média dentro do normal não há que verdadeiramente falar sequer em abrandamento em termos gerais relativamente a hóspedes nos empreendimentos turísticos”, considerou Cristina Siza Vieira.

Já sobre os dados da AHP (Hotel Monitor) relativamente a maio, a responsável lembra que se vinha a assistir ao tal abrandamento do crescimento da taxa de ocupação, também por terem existido antes “saltos muito grandes”, e que relativamente ao preço e ao REvPar (rendimento por quarto disponível) também já não se está a assistir a crescimentos tão acentuados.

“Temos, portanto, uma taxa de ocupação que abrandou e que em alguns casos até teve um ligeiro decréscimo, agora, em termos de preço, este continuou a subir em termos nacionais e das principais regiões. Portanto, não temos nenhum sinal de que, por força de alguma diminuição da taxa, o preço também tenha ajustado em baixa”, afirmou.

Assim, para a AHP “não se pode falar em fim de ciclo”.

“Podemos dizer é que os crescimentos muito grandes que tivemos tenderão a entrar mais em velocidade cruzeiro. Isto quanto a taxa de ocupação. Quanto a preços, ainda temos margem para subir e, sobretudo, temos mercados que estão a surgir com muita força como é o americano e brasileiro, adiantou.

A expectativa para este ano, e próximos, acrescentou, “é de um crescimento importante do mercado brasileiro, que tem a vantagem – tal como o americano – de ser um mercado que escolhe bastante a hotelaria de mais alta gama, o que puxa o preço”.

Questionada sobre as queixas dos associados relativamente ao verão, sobretudo o Algarve que era das regiões menos otimistas nas expetativas para este ano dada a concorrência de outros destinos como a Turquia e a Tunísia, Cristina Siza Vieira admite que se “reveste de alguma necessidade de atenção”.

O Algarve “sofre com a concorrência de outros destinos de sol e mar, de outros destinos de família e tem aqui, digamos que, algumas turbulências que também vêm do mercado nacional, nomeadamente de julho não ter sido brilhante em termos climáticos. As pessoas acabam por adiar, e, portanto, temos aqui alguma preocupação relativamente ao acompanhamento disto”, sublinha.

A AHP tem tido conhecimento de que algumas pré-reservas em julho não se confirmaram, o que trouxe alguma preocupação, mas, reforça que “ainda assim, a expectativa para agosto continua muito positiva” e há a “esperança que agosto recupere do abrandamento que foi visível em julho”, disse.

“Para já, [o desempenho] está alinhado com as expectativas da maioria dos hoteleiros algarvios, pelo menos porque não sinalizavam crescimento como sendo uma expectativa para o verão”, concluiu.

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