Há cada vez mais interesse da China na Língua Portuguesa, diz especialista

Da Redação
Com Lusa

IV Conferência Ministerial do Fórum de Macau, na China. Foto: Anderson Riedel/VPR
IV Conferência Ministerial do Fórum de Macau, na China. Foto: Anderson Riedel/VPR

A China mostra cada vez mais interesse na Língua Portuguesa e pretende transformar Macau num centro de excelência de ensino da língua, devido ao interesse econômico em países lusófonos, afirmou a acadêmica Carmen Mendes, em Coimbra.

“Há um crescente interesse da China na Língua Portuguesa” que acompanha o próprio interesse econômico do país asiático em países como Brasil, Moçambique ou Angola, disse a professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, durante a apresentação do seu livro “Portugal, China e as negociações de Macau”.

A docente e especialista em Estudos Chineses considerou que, em Macau, para além de universidades, politécnicos e escolas apostarem no ensino da língua, “há muitos institutos privados e do governo” que oferecem cursos.

Tal fenômeno “extravasa a vontade de Portugal” e este “não tem voto na matéria”, observou, frisando que, “enquanto houver interesse da China no mercado lusófono, a língua e o legado lusófono mantêm-se em Macau”.

“A Língua Portuguesa prolifera muito mais em Macau agora do que antes”, constatou a docente da FEUC, considerando que a missão de Macau na lusofonia está espelhada no Fórum Macau, criado pela China em 2003, e que funciona como plataforma econômica e comercial da China com os países de Língua Portuguesa, cujo secretariado permanente está na antiga colônia portuguesa.

Para a investigadora, Macau garantiu a manutenção da “sua identidade”, muito por culpa de ser um “aluno exemplar”, no que toca a regiões administrativas especiais da República Popular da China e à relação que tem com a mesma.

Também a ideia que o antigo primeiro-ministro chinês Li Peng transmitiu a Carlos Melancia, governador português da altura, de que seria a China a aproximar-se de Macau parece estar “a funcionar”, disse, recordando que a China “está a tornar-se cada vez mais aberta economicamente, estando perto de um capitalismo puro”, notando-se também alguma abertura do ponto de vista político.

Carmen Mendes constatou ainda que “são os chineses que tentam preservar” o patrimônio cultural deixado pela presença portuguesa, por “atrair muito turismo para Macau” e pelo interesse em ter uma cidade em território chinês com características semelhantes aos países de Língua Portuguesa.

Durante a apresentação do livro, o vice-reitor da Universidade de Coimbra, Joaquim Ramos de Carvalho, recordou que “há 30 licenciaturas em Língua Portuguesa” nas universidades chinesas.

O livro de Carmen Mendes foi editado pela Hong Kong University Press e é promovido em Portugal pela livraria Almedina.

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