Guterres recebe prêmio na Alemanha pela defesa dos valores europeus

Da Redação

O secretário-geral da ONU recebeu esta quinta-feira o Prêmio Carlos Magno Internacional em cerimônia realizada em Aachen, na Alemanha. O reconhecimento é pela defesa dos valores europeus.

Natural de Portugal, em seu discurso de agradecimento, António Guterres também falou em português prometendo preservar valores essenciais da humanidade.

“Como secretário-geral das Nações Unidas, não tenho outros poderes senão a persuasão e o apelo à razão. Posso assegurar-vos que darei sempre o meu melhor na defesa apaixonada dos valores do pluralismo, da tolerância, do diálogo e do respeito mútuo para construir um mundo de paz, justiça e dignidade humana. Obrigado.”

As declarações foram feitas em outras quatro línguas: espanhol, alemão, inglês francês. Guterres disse que “as Nações Unidas precisam de uma Europa forte e unida.” Segundo ele, “para isto acontecer, a Europa precisa resolver alguns desafios sérios.”

O chefe da ONU disse que, como europeu comprometido, esse reconhecimento é especialmente significativo e “uma homenagem ao compromisso, serviço e sacrifício de mulheres e homens do mundo”.

Guterres ressaltou ainda a “exemplar parceria” entre as Nações Unidas e a União Europeia, dizendo que são os “maiores projetos de paz de nossos tempos”.

O chefe da ONU apontou, entretanto, o que considera alguns contratempos e o que chamou de uma ansiedade arrebatadora.

Pós-Guerra
Entre os pontos do discurso, o secretário-geral descreveu um período atual no qual “nunca as instituições do pós-guerra mundial e seus valores foram tão corroídos e postos à prova”.

Segundo o representante, “os conflitos se tornaram mais complexos e interligados do que nunca.” Como resultado disso, “ocorrem violações terríveis do direito internacional humanitário e abusos dos direitos humanos.”

Para Guterres, a “agenda dos Direitos Humanos vem perdendo terreno para a agenda da soberania nacional, um pouco por toda parte”.

Outra questão mencionada no discurso foi a fuga forçada de pessoas de suas casas em “escala invisível em décadas”. Essa situação acontece quando “vários abrigos têm portas fechadas, nomeadamente na Europa”.

Guterres declarou ainda que “os princípios democráticos estão sob cerco e o Estado de direito está sendo minado”.

Os desafios atuais incluem ainda o aumento das desigualdades e o “discurso de ódio, o racismo e a xenofobia que alimentam o terrorismo através das redes sociais”.

O chefe da ONU disse que a atual geração pode enfrentar implicações morais de um sistema de armas autônomo que poderia, por si só, ter como alvo e atacar os seres humanos e que, por isso, “tem defendido fortemente a sua proibição”.

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