Da Redação
Com ONU News em Nova Iorque
O líder das Nações Unidas, António Guterres, emitiu uma nota afirmando estar “profundamente perturbado” com relatos de um suposto uso de armas químicas num ataque aéreo na Síria.
O ataque teria ocorrido num bombardeio na área de Khan Shikhoun, no sul da cidade de Idlib, que fica no noroeste do país árabe. A OMS relatou que pelo menos 70 pessoas teriam morrido e centenas teriam sido afetadas.
Guterres expressou sinceras condolências aos sobreviventes do incidente e aos familiares das vítimas.
De acordo com a nota, as Nações Unidas não estão, no momento, em condições de verificar, de forma independente, os relatos.
A Missão de Inquérito da Organização para a Proibição de Armas Químicas, Opac, anunciou que começou a reunir informações para tentar apurar se as armas foram utilizadas na ofensiva.
O chefe da ONU lembrou que o Conselho de Segurança já havia declarado que o uso de armas químicas em qualquer lugar representa uma ameaça à paz e à segurança internacionais, e uma violação séria do direito internacional.
Segundo agência de notícias, dezenas de civis estão feridos após o ataque na cidade síria, que está sendo controlada por rebeldes.
Analistas dizem que este poderá ter sido o maior ataque químico na Síria, desde que a guerra começou no país, há seis anos.
A Comissão Internacional de Inquérito sobre a Síria, que é presidida pelo professor brasileiro, Paulo Sérgio Pinheiro, condenou o ataque, nos termos mais fortes. Em comunicado, a comissão lembrou que grande número dos mortos são crianças.
Médicos em Idlib estão informando que dezenas de pessoas com dificuldades de respirar e sintomas de sufocamento chegaram a hospitais da província precisando de atenção médica urgente, muitos delas mulheres e crianças.
O diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Peter Salama, declarou que as imagens e relatos vindos de Idlib o deixaram “chocado, triste e ultrajado”.
O grupo afirmou que tanto ataques com armas químicas como alvejar deliberadamente a postos médicos podem representar crimes de guerras e graves violações dos direitos humanos.
As bombas com o gás tóxico teriam sido lançadas por aviões. Analistas dizem que este poderá ter sido o maior ataque químico na Síria, desde que a guerra começou no país, há seis anos.
Vetos
Em fevereiro, o Conselho de Segurança da ONU vetou um projeto de resolução que determinava sanções contra a Síria pelo uso e produção de armas químicas. Os vetos vieram de Rússia e China, que como membros permanentes do Conselho, têm poder para derrubar o documento. Além deles, a Bolívia também votou contra a resolução.
Na reunião desta quarta-feira, o embaixador britânico junto às Nações Unidas, Matthew Rycroft, afirmou que, naquele dia, o Conselho poderia ter enviado uma “mensagem clara” de que “haveria consequências para o uso destas armas terríveis e para violação de lei internacional”.
Ele defendeu este teria sido um sinal de que há “união global e do Conselho de Segurança” em relação a qualquer uso destas armas. No entanto, segundo o embaixador britânico, após os vetos, parece que a única mensagem enviada ao presidente sírio, Bashar Al Assad, foi uma de “encorajamento”.
Para Rycroft, as consequências desses vetos puderam ser vistas na terça-feira nos rostos das crianças de Khan Shaykhun mortas potencialmente, segundo ele, “por um regime que não vai parar em nada para segurar o poder”.