Guterres: ONU não desistirá de cessar-fogo na Ucrânia

UN Photo/Eskinder Debebe Secretário-geral da ONU, António Guterres fala à mídia ao lado do presidente Volodymyr Zelenskyy da Ucrânia.
UN Photo/Eskinder Debebe Secretário-geral da ONU, António Guterres fala à mídia ao lado do presidente Volodymyr Zelenskyy da Ucrânia.

Em Kyiv, António Guterres expressou sua frustração com falha do Conselho de Segurança em evitar a guerra; mas ressaltou o trabalho de 1,4 mil funcionários das Nações Unidas que estão atuando no país; e destaca que mais de 3,4 milhões de pessoas receberam ajuda humanitária e total irá dobrar até agosto.

Da Redação com ONUNews

O secretário-geral das Nações Unidas falou a jornalistas sobre a guerra na Ucrânia, em Kyiv, capital do país, ao lado do presidente Volodymyr Zelensky.

António Guterres foi claro ao dizer que “o Conselho de Segurança falhou em fazer todo o possível para evitar e acabar com esta guerra” e afirmou que isso é motivo para “um grande desapontamento, frustração e raiva.”

Guterres destacou o que viu durante o dia nesta quinta-feira pelas ruas da capital ucraniana e outras cidades perto de Kyiv: destruição completa, perdas de vidas e “violações inaceitáveis dos direitos humanos”. Ele lembrou ainda que a posição da ONU sobre o conflito é bastante clara: a invasão por parte da Rússia viola a integridade territorial da Ucrânia e a Carta das Nações Unidas.

O secretário-geral disse ao povo ucraniano que o mundo está admirado com sua resiliência e resolução. Ele destacou os esforços de mais de 1,4 mil funcionários da ONU, a maioria ucranianos, que continuam trabalhando no país.

Segundo Guterres, a organização já forneceu ajuda humanitária a 3,4 milhões de pessoas dentro da Ucrânia e a meta é mais que dobrar este total até o fim de agosto, atingindo 8,7 milhões. Outro foco das operações é a assistência em dinheiro, sendo distribuídos cerca de US$ 100 milhões por mês.

Segundo ele, mais de 12 milhões de ucranianos já fugiram de suas casas, sendo que os países vizinhos receberam mais de 5 milhões de refugiados e garantiu a esses civis e ao presidente Zelenskyy que a ONU não desistirá e continuará insistindo em um cessar-fogo.

Guterres explicou que estão em andamento “discussões intensas para tornar realidade” a proposta de envolver as Nações Unidas e a Cruz Vermelha na evacuação de civis em Mariupol, a cidade portuária do sul da Ucrânia.

Palavras de Zelensky
Durante a conversa com jornalistas, o presidente da Ucrânia comentou propostas de terceiros sobre um referendo a respeito do status da região da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Zelensky afirmou que “a Ucrânia e o mundo civilizado não vão reconhecer nenhum referendo sobre a Crimeia” e ressaltou ainda que “não se pode ter parte da Ucrânia anexada pela Rússia à força”.

O líder ucraniano falou que a situação é complexa e que “gostaria de obter detalhes sobre qualquer negociação entre Rússia e Ucrânia”. Zelensky afirmou aos jornalistas que “existem temas de aspecto humanitário, de segurança alimentar que não se refere só à Ucrânia, mas a outros países”.

Guterres chegou à Ucrânia nesta quinta-feira, tendo encontros separados com o presidente Volodymyr Zelenskyy e o ministro de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.

A visita do chefe da ONU ao país acontece após Guterres se reunir também com os chefes de Estado da Turquia, Rússia e Polônia. Todos sobre a guerra no território ucraniano e na busca de formas de acesso de ajuda humanitária, evacuação de civis e pelo fim da violência.

Ao passar pelas cidades bombardeadas de Borodyanka, Bucha e Iprin, o secretário-geral ficou chocado e lembrou que famílias inteiras e crianças tiveram que enfrentar essas imagens de horror.

Em Bucha, o líder da ONU visitou um local no qual havia uma vala comum onde centenas de pessoas foram enterradas por familiares e vizinhos. Ele afirmou que é de extrema importância abrir investigações sobre a ofensiva à Ucrânia, reforçando seu apoio ao trabalho do Tribunal Penal Internacional, TPI.

Guterres ainda fez um apelo para que a Rússia coopere com as investigações. Ao falar sobre os crimes de guerra, ele disse que “o pior crime de guerra é a própria guerra”.

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