Governo português manifestou-se “preocupado e até indignado” por violações do cessar-fogo na Síria.
Da Redação
Com ONU News
O secretário-geral da ONU discursou esta segunda-feira na abertura da 37ª sessão do Conselho de Direitos Humanos em Genebra, na Suíça. António Guterres pediu para o cessar-fogo na Síria ser implementado imediatamente.
No fim de semana, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução pedindo uma pausa de 30 dias nos combates. O chefe da ONU lembrou que o cessar-fogo é importante para a entrada imediata de ajuda humanitária e retirada de pacientes doentes.
Guterres afirmou que “Ghouta Oriental não pode esperar” e disse ser “hora para acabar com esse inferno na terra”. Ele lembrou às partes da obrigação que têm em proteger civis, de acordo com a lei internacional humanitária.
No ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos, o secretário-geral falou sobre algumas questões importantes como igualdade de gênero e o preconceito enfrentado por refugiados e migrantes.
Segundo Guterres, o mundo “está vendo uma onda de xenofobia, racismo e intolerância, incluindo ódio antissemita e ódio antimuçulmano. Partidos políticos de extrema direita estão ressurgindo. Refugiados e migrantes têm muitas vezes seus direitos negados e são vistos como ameaça à sociedade, apesar de haver provas dos benefícios que trazem”.
No Conselho de Direitos Humanos, ele também falou sobre o povo rohingya, em Mianmar, que segundo Guterres estão entre “os mais discriminados no mundo, muito antes da crise que começou no ano passado”.
O chefe da ONU explicou que os rohingyas “foram sujeitos à brutalidade extrema pelas forças militares e retirados de suas casas e de seu país num exemplo claro de limpeza étnica”.
Ele pediu ajuda imediata para os rohingyas incluindo assistência humanitária e justiça e fez um apelo à comunidade internacional para apoiarem os civis que estão refugiados em Bangladesh.
Participaram ainda da abertura o presidente da Assembleia Geral, Miroslav Lajcak, e o alto comissário para direitos humanos Zeid Al Hussein. A 37ª sessão do Conselho de Direitos Humanos segue até 23 de março, no Palácio das Nações em Genebra.
Portugal indignado
Também o Governo português manifestou-se “preocupado e até indignado” pelas notícias de frequentes violações do cessar-fogo na Síria e reiterou o apelo de Portugal ao cumprimento do decidido sábado à noite pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Após uma reunião com o seu homólogo russo em Moscou, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, lembrou que o acordo de cessar-fogo “isenta” os que combatem quer o grupo Estrado islâmico (EI) quer as diferentes fações ligadas à Al Qaida.
“Vejo com muita preocupação e até indignação, visto que o cessar-fogo tem de ser cumprido e cumprido por todas as partes. Evidentemente que a decisão do Conselho de Segurança da ONU isenta da obrigação de respeitar o cessar-fogo quaisquer forças que se tenham de opor ao Daesh [grupo Estado Islâmico] ou aos grupos ligados à Al Qaida. Há esta cláusula no acordo de cessar-fogo”, frisou Santos Silva à Lusa.
“No entanto, há relatos de acusações de violação ao cessar-fogo e há já uma posição das Nações Unidas chamando todas as partes ao respeito escrupuloso por aquilo que o Conselho de Segurança decidiu”, acrescentou Santos Silva.