Mundo Lusíada
Com Lusa
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esperar “firmemente” que António Guterres seja o escolhido para secretário-geral das Nações Unidas, pois é “de longe” a melhor solução para o cargo.
No dia em que o antigo primeiro-ministro é ouvido na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, no quadro da “corrida” à sucessão de Ban Ki-moon, Marcelo Rebelo de Sousa, questionado à chegada a Estrasburgo, reafirmou que António Guterres “é um grande candidato” e que “a melhor solução para as Nações Unidas, de longe, seria a da eleição” do ex-Alto Representante da ONU para os Refugiados.
“Tem uma experiencia única, nomeadamente numa alta função no quadro das Nações Unidas. Portanto, tanto em termos absolutos, como em termos de mérito relativo, é de fato, além de um candidato nacional, indiscutivelmente nacional, é um candidato de grande prestigio internacional. Nós esperamos firmemente que possa vir a ser o próximo secretário-geral das Nações Unidas”, declarou o chefe de Estado.
O ex-primeiro-ministro António Guterres é hoje um dos candidatos ao cargo de secretário-geral da ONU a ser entrevistado perante os 195 países que integram a organização internacional, num inédito processo de seleção para o cargo.
Numa tentativa para melhorar a transparência de um processo de seleção que tradicionalmente tem decorrido entre bastidores, os candidatos vão passar pela Assembleia-Geral para apresentar as suas propostas e submeter-se ao escrutínio dos Estados-membros.
António Guterres, que até ao final de 2015 exerceu o cargo de Alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), será o terceiro candidato à substituição do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cujo mandato termina no final de 2016, e está esta noite (em Lisboa) a ser entrevistado na sede da organização, em Nova Iorque.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou hoje ao princípio da noite a Estrasburgo, França, onde na quarta-feira discursará perante o Parlamento Europeu, para reafirmar o empenhamento de Portugal na construção europeia.
À chegada à residência da missão de Portugal junto do Conselho da Europa, onde preside hoje a uma receção aos eurodeputados portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa, disse ser “uma honra e um grande prazer poder estar aqui em representação do Estado português, vindo falar ao Parlamento Europeu, reafirmando aquilo que é uma constante fundamental” da política externa de Portugal, “que é naturalmente a pertença europeia e o empenhamento na construção europeia”.
O chefe de Estado referiu que a alocução de quarta-feira no hemiciclo é “uma intervenção simbólica, e como intervenção simbólica o que interessa é afirmar a posição do Estado português, ao mesmo tempo explicar a realidade portuguesa, recordando o processo democrático vivido ao longo destas décadas, e que foi paralelo ao processo de integração europeia, e deve muito ao processo de integração europeia, ao mesmo tempo que contribuiu para o próprio processo de integração europeia”.
“É natural que depois mencione alguns dos desafios que se colocam hoje à Europa, que são desafios que se colocam a Portugal. Não há uma realidade Europa de um lado, Portugal do outro. Nós e eles somos todos nós”, acrescentou.
Paridade
Já António Guterres comprometeu-se, caso seja eleito, a estabelecer um roteiro, nos primeiros meses do seu mandato, para garantir a paridade no pessoal da organização, com prioridade para os cargos de topo.
“Se eleito, nos primeiros meses do meu mandato, e depois das consultas necessárias, apresentarei um roteiro para a paridade em todos os níveis com referências e prazos claros, dando prioridade à seleção de cargos mais elevados”, anunciou o antigo primeiro-ministro português, na intervenção inicial da sua audição na assembleia geral da ONU.
“As Nações Unidas têm de liderar o esforço da comunidade internacional para a igualdade de gênero, o que – vamos ser honestos – não foi sempre exatamente o caso”, declarou Guterres, defendendo que “a partir de agora, o secretário-geral deve respeitar a paridade” nas escolhas do Conselho Executivo da ONU e nos quadros mais elevados.
Para o candidato português, “é necessária uma mudança na seleção de representantes e enviados especiais”, área onde considerou ter ocorrido um retrocesso “nos tempos mais recentes”.
Perante os 195 membros da organização, António Guterres subscreveu “o mesmo compromisso para garantir um equilíbrio regional” na seleção de responsáveis.