Guterres: “Da minha língua vê-se o mar”, diz na 1ª Conferência de Oceanos

Da Redação
Com ONU News

Antonio Guterres. UN Photo/Mark Garten

Os mares e oceanos cobrem dois terços do planeta, fornecem comida, energia, água, empregos e benefícios econômicos para pessoas em todos os países, mesmo aqueles que não têm litoral, ressaltou o secretário-geral da ONU nesta segunda-feira à Assembleia Geral.

Na abertura da primeira Conferência sobre o Oceanos, António Guterres destacou que eles são um “amortecedor crucial contra as mudanças climáticas e um recurso maciço para o desenvolvimento sustentável”.

Em seu discurso, Guterres citou o um verso do escritor português Vergílio Ferreira e lembrou ainda que muitas nacionalidades, incluindo a sua, têm uma relação especial com o mar. “Da minha língua vê-se o mar”.

Para o chefe da ONU, “na verdade, o mar tem uma relação especial com todos”, mas que está mais ameaçada do que nunca.

Ele mencionou poluição, pesca em excesso e os efeitos das mudanças climáticas que estão “danificando gravemente a saúde dos oceanos”. Guterres citou um estudo recente apontando que até 2050 pode haver mais plásticos do que peixes nos mares.

Entre outras questões, Guterres ressaltou ainda o aumento dos níveis das águas que ameaçam países inteiros e alertou que a mudança das correntes terá um impacto sério nos padrões climáticos. Para o chefe da ONU é preciso preparar-se para tempestades e secas mais frequentes”.

Aos participantes da Conferência sobre os Oceanos, Guterres afirmou: “estamos aqui para virar a maré”.
Ele declarou que foram as pessoas que criaram estes problemas e com uma ação global decisiva e coordenada, podem resolvê-los.

O secretário-geral defendeu que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 seja o roteiro na direção de oceanos limpos e saudáveis. O ODS 14 trata da conservação de mares e oceanos e do gerenciamento de recursos marinhos.

Para Guterres, o “primeiro passo essencial” é acabar com a “dicotomia artificial entre demandas econômicas e a saúde dos mares”. Segundo ele, a conservação e o uso sustentável de recursos marinhos são dois lados da mesma moeda.

Ele ressaltou ainda ser necessário “promover liderança política forte e novas parcerias baseadas nos quadros legais existentes”.

O secretário-geral também defendeu ser preciso transformar a vontade política da Agenda 2030, do Acordo de Paris e da Agenda de Ação de Adis Abeba em compromissos financeiros.

Guterres falou ainda sobre a importância de aumentar a base de conhecimento, com melhores dados, informação e análise, além de partilhar bons exemplos e experiências.

Ele destacou que as Nações Unidas têm um papel fundamental a desempenhar e reafirmou o compromisso da organização de fornecer apoio para a implementação de todos os “históricos acordos” do ano passado, incluindo o ODS 14.

Guterres afirmou estar determinado em derrubar barreiras entre agências e programas da ONU para melhorar o desempenho e a prestação de contas.

O secretário-geral defendeu ainda ser preciso deixar de lado “ganhos nacionais de curto prazo para evitar uma catástrofe global de longo prazo”.

Para António Guterres, conservar os oceanos e usá-los de forma sustentável é preservar a própria vida.

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