Guiné Equatorial reafirma compromisso com a língua e condena críticas

O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang passa junto de um painel com bandeiras dos países da CPLP, no final da cerimônia de abertura da X Cimeira, em Timor-Leste. PAULO NOVAIS/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Neste dia 17, a Guiné Equatorial reiterou o seu compromisso com a “implantação do português no quotidiano” e afirmou que o “funcionamento” da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “não permite a crítica fora dos canais competentes”.

A missão permanente da Guiné Equatorial junto da CPLP reage assim, em comunicado enviado à Lusa, a declarações da nova presidente do conselho científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), a portuguesa Margarita Correia, que afirmou que “não tem sido muito visível a vontade” de Malabo para difundir o português no país, um compromisso assumido pelas autoridades equato-guineenses quando da adesão à comunidade lusófona, em 2014.

“Não temos tido a participação dos membros da Guiné Equatorial nas reuniões do conselho científico do IILP. Não posso avaliar dessa vontade, na medida em que, pelo menos, ela não tem sido muito visível”, disse, em entrevista recente à Lusa, a linguista, quando questionada sobre a vontade manifestada pelas autoridades daquele país africano sobre a divulgação do português.

A Guiné Equatorial sublinha estar “numa posição, em relação à língua portuguesa, de aprendizagem e divulgação”.

“O país está agora a iniciar esforços para a implantação do português no quotidiano”, refere a missão.

Na nota, são elencadas medidas já realizadas, como uma campanha nacional de sensibilização, a emissão em português de programas noticiosos na televisão nacional, a criação de uma licenciatura em Língua Portuguesa na Universidade da Guiné Equatorial e a celebração, em Malabo, do Dia da Língua e da Cultura da CPLP.

Além disso, está “agora na mesa do IILP” um projeto para a promoção do português neste país, e foi feito um “pedido oficial aos Estados-membros para recolha de material escolar e didático em português”.

“Para alguns, a visibilidade destas ações é nula”, comenta a missão junto da CPLP, liderada pelo embaixador Tito Mba Ada, igualmente acreditado junto das autoridades portuguesas.

No comunicado, defende que a presidente do conselho científico do IILP “não deve ser um instrumento de crítica aos Estados-membros da CPLP, mas sim de promoção da língua portuguesa”.

A Guiné Equatorial considera que “devem ser evitadas” declarações “subjetivas, tendenciosas e parciais, baseadas apenas na ausência de um Estado-membro numa reunião pontual”.

“Lembramos que a própria estrutura de funcionamento da CPLP não contempla a crítica fora dos canais competentes, e a presidente do conselho científico do IILP deveria saber que, tendo todo o direito à sua opinião pessoal, (…) deve cuidar o discurso que apresenta ao público”, refere o comunicado.

A Guiné Equatorial diz ainda recear que a “linha de conduta do conselho científico do IILP venha a ser ferida de uma subjetividade que não ajuda em nada a atuação que se espera dele, nem tão pouco os objetivos da CPLP”.

Na entrevista à Lusa, a professora Margarita Correia, sublinhou que o IILP “está consciente e disponível para enveredar esforços para que o português venha a ter outra representatividade na Guiné Equatorial, assim as autoridades do país o desejem”.

“O IILP tem perfeita consciência das suas responsabilidades, mas também das suas possibilidades”, afirmou, recordando que o trabalho é desenvolvido a nível multilateral.

A especialista defendeu que “tem de haver um esforço também da própria CPLP, isso tem de ser reforçado”, sublinhando que “a difusão e desenvolvimento do português na Guiné Equatorial também tem de resultar de vontade política, e essa vontade política não diz respeito ao IILP, mas é assumida por outros órgãos da CPLP”.

Margarita Correia ressalvou que têm havido apoios de Portugal e do Brasil à promoção do português na Guiné Equatorial, um compromisso da adesão desta antiga colónia espanhola quando aderiu à CPLP, em 2014, quando tornou a língua portuguesa como uma das línguas oficiais, a par do espanhol e do francês.

Na reunião do conselho científico realizado no início do mês, na Cidade da Praia, em Cabo Verde, “foi manifestado apoio à elaboração de um projeto multilateral sobre a promoção da língua portuguesa na Guiné Equatorial no seguimento do pedido feito pelo secretariado executivo da CPLP”, refere o comunicado final do encontro.

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