Guiné Equatorial desiste do Banif mas ainda quer patrocinar FC Porto

O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang passa junto de um painel com bandeiras dos países da CPLP, no final da cerimônia de abertura da X Cimeira, em Timor-Leste. PAULO NOVAIS/LUSA

Da Redação
Com Lusa

O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, justificou a desistência de investir no banco português Banif com a crise, mas disse esperar “um dia” conseguir financiar a equipe do FC Porto para promover o país a nível internacional.

“Quanto ao investimento em Portugal, infelizmente não pudemos entrar no Banif e comprar as ações que tínhamos previsto adquirir — sei que o banco agora é do Santander”, afirmou o chefe de Estado equato-guineense, em entrevista à publicação Africa Monitor.

Além disso, acrescentou: “A equipe do Porto também tinha a ideia de que nós pudéssemos financiar a sua marca. Nós estivemos de acordo, mas é um aspeto que esperamos um dia conseguir”, disse.

Questionado se o objetivo é “promover a Guiné Equatorial, como patrocinador, porque esta equipa é uma das mais ‘mundializadas'”, Teodoro Obiang respondeu “exato”.

Na entrevista, o chefe de Estado equato-guineense, que em agosto deste ano cumpre 40 anos no poder, garantiu que o país “não vai voltar a aplicar a pena de morte”, a propósito da exigência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) sobre a abolição da pena capital, desde a adesão do país ao bloco lusófono em 2014.

“É uma decisão do Governo. Queremos envolver nessa decisão todos os organismos do Estado. Por isso estamos a estudar uma lei, que está em análise no parlamento, para abolir de vez a pena de morte na Guiné Equatorial. Queremos que todos os partidos cheguem a um entendimento no parlamento e, quando isso acontecer, o Governo vai ratificar imediatamente a pena de morte”, afirmou.

Sobre outro compromisso da Guiné Equatorial aquando da entrada na CPLP — o ensino do português –, o Presidente afirmou que “há professores nas escolas a ensinar o português, há meios de comunicação social (rádios e TVs) que emitem programação em português”.

Teodoro Obiang fala ainda do seu “amigo José Eduardo dos Santos”, ex-Presidente de Angola, garantindo que quando se deslocar a Luanda, vai solicitar ao seu homólogo angolano para visitar o antecessor de João Lourenço.

“Mas felicito a transição que foi feita por dos Santos, que escolheu um colaborador como candidato do seu partido. E ganhou”, comentou, afirmando esperar que o novo Presidente angolano “deve procurar que as suas relações com o seu antecessor sejam fluidas, que sejam boas relações”.

Sobre a sua própria transição — Obiang cumpre atualmente um mandato presidencial de sete anos, após as eleições presidenciais de 2016, e pode recandidatar-se pela última vez -, o chefe do Governo respondeu: “O presidente Obiang está a atuar através dos órgãos do partido. A sucessão não é determinada pelo Presidente; é o partido que elege o seu candidato. A minha sucessão não depende da minha vontade, mas da vontade do partido”.

Obiang, atualmente com 76 anos, garantiu sentir-se “forte” e adiantou que vai dizer “isso ao partido”.

“Mas se não for essa a sua intenção, vamos procurar uma alternativa”, comentou.

Quanto à situação econômica do país, Obiang garantiu que o país não tem dívida pública e que as empresas com problemas contraíram empréstimos junto da banca e, “quando o Governo não tem dinheiro para fazer antecipações, as empresas ficam com essas obrigações junto da banca”. Contudo, assegurou que isso “é uma responsabilidade dessas empresas, não do Governo”.

A crise econômica no país é, no seu entender, decorrente dos créditos feitos pelos bancos a essas empresas, “sem o consentimento do Governo”.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) “está só a assessorar” a Guiné Equatorial, disse, afirmando esperar que empresas e outros governos “invistam mais” no país, “o que até agora não aconteceu”.

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