Foi lançado, em São Paulo, “Lisboa em Pessoa – Guia turístico e literário da capital portuguesa” trazendo textos literários de autores portugueses em meio a dicas de turismo.Por Vanessa SeneMundo Lusíada
José Cunha
>> Capa do livro “Lisboa em Pessoa – Guia turístico e literário da capital portuguesa” de João Correia Filho
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Em 03 de fevereiro, esteve previsto em São Paulo o lançamento da obra “Lisboa em Pessoa”, por João Correia Filho, editada pela LeYa. Trata-se de um guia turístico da cidade, mas não só. É também um guia literário sobre a capital portuguesa, que traz indicações preciosas do poeta Fernando Pessoa e outros autores portugueses.
Em entrevista ao Mundo Lusíada antes do lançamento, o autor João Correia Filho falou sobre a obra, que detalha tanto as atrações históricas obrigatórias em Lisboa, como as mais recentes, como o Parque das Nações inaugurado em 2008.
O ponto de partida do autor foi o livro “Lisboa: o que o turista deve ver”, escrito por Pessoa em 1925 – que permaneceu inédito por décadas, sendo editado pela primeira vez em 1992. “Estava na livraria do Centro Cultural Belém, no bairro de Belém, e me deparei com o livro. Logo percebi que renderia uma boa reportagem. A ideia foi crescendo e resolvi oferecer a Editora Leya como um projeto de guia” conta Correia Filho. “A idéia nasce da busca pela literatura dos locais que visito e de minha paixão pela literatura. Considero o guia mais turístico, serve para qualquer turista, mas tem a literatura como uma informação diferenciada, uma forma diferente de ver Lisboa, pelo olhar de quem a conhece bem, tanto o Pessoa, como outros escritores”.
Dicas de Pessoa
“Lisboa em Pessoa – Guia turístico e literário da capital portuguesa” traz informações práticas necessárias para o viajante, e dicas para quem tem o interesse em conhecer a cidade pelo olhar de um de seus mais profundos conhecedores.
Dentre as dicas turísticas de Fernando Pessoa, está praticamente todos os pontos que são de interesse dos turistas, como a Torre de Belém, Mosteiro dos Jerônimos, Castelo de São Jorge, além da citação de diversos museus, praças e miradouros. “A diferença é que o Pessoa escreveu seu roteiro em 1925, quando até mesmo o conceito de turismo era outro – ele cita detalhes interessantes dos locais que visita, muitos deles que passariam despercebido dos apressados turistas de massa” conta o autor.
O livro inclui também pontos de visitação relacionados à vida do poeta lisboeta, como o café ‘A Brasileira’, do qual foi frequentador assíduo, e a Casa Fernando Pessoa, em que viveu os últimos 15 anos de sua vida e que hoje sedia um centro cultural. Além de locais não citados pelo poeta, ou que não existiam na época, como o Hospital de Bonecas, o Café Martinho da Arcada, além do Museu do Design, que foi inaugurado recentemente.
Mais citações de outros autores portugueses sobre Lisboa também fazem parte do seu conteúdo. “Traz trechos incríveis da obra de Inês Pedrosa, falando um pouco de história recente de Portugal; traz muitas referências ao Saramago e ao seu livro ‘O ano da morte de Ricardo Reis’ que, alias, é um heterônimo do Pessoa; traz Lobo Antunes (quando falamos da guerra independência), Camões (para falar das navegações), traz Batista Bastos para falar da região da Ajuda, com seu cão velho entre flores, que acho incrível; traz Agustina Bessa Luis (para falar do Marques de Pombal), traz Sophia de Mello Breyner Andresen (para falar do mar e do Tejo), enfim, muitos autores nos ajudam a falar de Lisboa”.
O Autor
Jornalista com especialização em Jornalismo Literário, João Correia Filho desenvolveu muitos projetos em volta da literatura, desde 1999 trabalhou acerca da obra do escritor João Guimarães Rosa. “Foi o trabalho com literatura a que dediquei mais tempo, mas considero que minha área é o jornalismo, faço reportagens de assuntos variados, sempre buscando um viés diferente. O ponto talvez seja o fato de amar literatura e sempre buscar algo que me leve a ela. Estive recentemente em Moçambique para fazer uma reportagem sobre os médicos sem fronteiras, mas aproveitei para entrevistar o escritor Mia Couto”.
Correia Filho trabalha como colaborador de várias revistas e jornais no Brasil e no exterior. Em Portugal, fez no ano passado uma reportagem para a revista da TAP, e há alguns anos, colaborou com a National Geographic Portugal e com a Grande Reportagem, que, diz o autor, “infelizmente não existe mais”.
O autor lançou a obra pela editora LeYa, um grupo português que nasceu em janeiro de 2008, e que conta com mais editoras nacionais e duas editoras africanas.