Da redação com Lusa
O chefe da diplomacia portuguesa, João Gomes Cravinho, considerou que o isolamento da Rússia na ONU demonstra o entendimento de que a guerra na Ucrânia também é contra o direito e a ordem internacional.
A Assembleia das Nações Unidas aprovou, na quarta-feira, uma resolução a condenar a anexação ilegal de quatro regiões ucranianas pela Rússia, depois de Moscou ter vetado uma posição idêntica no Conselho de Segurança.
A resolução, sem caráter vinculativo, reuniu o apoio de três quartos dos membros da Assembleia Geral, ou 143 países, e foi rejeitada por Rússia, Bielorrússia, Coreia do Norte, Nicarágua e Síria, registrando-se ainda 35 abstenções, entre as quais a da China.
“O isolamento russo mostra que o mundo compreende que a guerra contra a Ucrânia é também uma guerra contra o direito e a ordem internacional”, disse João Gomes Cravinho numa mensagem na rede social Twitter.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ilustrou a sua declaração com o quadro da votação da resolução, comentando que “as Nações Unidas condenaram por esmagadora maioria as anexações e os falsos referendos russos em território ucraniano”.
Portugal foi um dos países que votaram a favor da condenação da Rússia, assim como o Brasil.
Das quatro resoluções aprovadas pela ONU desde que as tropas russas invadiram o país vizinho, em 24 de fevereiro deste ano, esta foi a que conseguiu reunir o maior apoio da Assembleia Geral à Ucrânia e contra a Rússia.
Na resolução, a Assembleia Geral apela para que a comunidade internacional não reconheça a anexação de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, anunciada pela Rússia no final de setembro, e exige a Moscovo que reverta a decisão.
A resolução condena claramente os “chamados referendos ilegais” promovidos pela Rússia e a “tentativa de anexação ilegal”, e diz que são inválidos à luz do direito internacional.
A Assembleia Geral declara também que as ações da Rússia violam a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, e são inconsistentes com os princípios da Carta da ONU.
Manifesta também “o seu forte apoio” às iniciativas do secretário-geral da ONU, António Guterres, para desanuviar a atual situação em busca da paz através do diálogo, da negociação e da mediação, no respeito das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia.
A anexação das quatro regiões ucranianas seguiu-se a referendos em cada uma delas realizados sob ocupação militar.
A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014, também após uma consulta popular realizada nas mesmas circunstâncias.
A guerra na Ucrânia desencadeada pela Rússia mergulhou a Europa naquela que é considerada a mais grave crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
É desconhecido o número de baixas civis e militares, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será consideravelmente elevado.
Segundo a ONU, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Timor-Leste votaram a favor da resolução; Moçambique se absteve e São Tomé e Príncipe não votou; resolução do órgão é a quarta sobre a Ucrânia desde que iniciou a guerra com a Rússia há oito meses.