Da Redação
Depois de ver as novas regras para ortografia da língua portuguesa, adotadas, via decreto, somente pelo Brasil, e de ter sido sinalizado pela sociedade civil sobre a necessidade de maior simplificação em vários pontos, o governo federal não só prorrogou a implementação para 2016 como também, através da Comissão de Educação do Senado criou o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) para simplificar e aperfeiçoar a ortografia.
O objetivo é de reduzir a quantidade de regras e exceções, tornando-as mais objetivas e de fácil entendimento.
De acordo com o professor Ernani Pimentel, que, ao lado do professor Pasquale Cipro, foi escolhido para coordenar o GTT, professores e estudantes de todos os países que têm como língua oficial o português têm até 20 de julho para sugerir mudanças. Todas as propostas serão avaliadas e apresentadas no Simpósio Internacional Linguístico-Ortográfico da Língua Portuguesa, que será realizado em Brasília, em setembro.
“O procedimento está sendo cauteloso para que, democraticamente conte com a participação do maior número de pessoas”, afirma Pimentel, que, pessoalmente, já esteve reunido com professores de todos os países. Já com o GTT constituído, Pimentel e Pasquale foram recebidos pelas autoridades em Portugal e estão programados para visitarem Angola e Moçambique.
Segundo o professor, todos os especialistas com quem dialogou consideraram a necessidade de ajustes que tornem a compreensão das regras mais acessíveis, eliminando as dúvidas e confusões. “Eles têm razão. É preciso tornar nossa ortografia mais lógica e menos contraditória. Pela sua complexidade, perdemos muito espaço ao longo de décadas, pois o excesso de regras desnecessárias e confusas desestimula e frustra o aprendizado. Ninguém, não é força de expressão, ninguém mesmo domina a ortografia da língua portuguesa e, no atual formato, isso nunca será possível”, alerta.
Pimentel ressalta ainda que, por esse motivo, ao longo do tempo, se fortaleceu uma certa repulsa e a crença de que português é muito difícil, gerando um bloqueio psicológico fortalecedor do analfabetismo. Segundo o senador Cristovam Buarque e outros estudiosos, apenas um em cada 4 ou 5 brasileiros é considerado plenamente alfabetizado.
Professores da Fundação Educacional do Distrito Federal avaliaram que, mediante a simplificação de algumas regras, a ortografia pode ser ensinada mais eficazmente com apenas 150 h/a, em vez das 400 h/a atuais, o que significaria uma economia de R$ 10 bilhões.
“Se considerarmos essa possibilidade, podemos prever uma forte redução nos índices de analfabetismo e na taxa de rejeição ao estudo da língua, fortalecendo a inclusão social”, diz, concluindo que a quantidade de cidadãos plenamente alfabetizados (capazes de ler e produzir textos mais profundos), que hoje constitui apenas 20% da população, pode vir a ser triplicada ou quadruplicada, fazendo com que cresça também o número de leitores e autores, permitindo uma produção literária, intelectual e científica que nos colocará num nível muito superior.
A sociedade civil, professores e alunos estão convidados a conhecer e apresentar sugestões pelo site www.simplificandoaortografia.com.br.