Grupo de trabalho vai dar “novo fôlego” a Rede Portuguesa de Museus

Da Redação com Lusa

A secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, revelou em Lisboa que vai ser criado até ao final do ano um grupo de trabalho para “dar novo fôlego” e estratégia à Rede Portuguesa de Museus (RPM).

O encontro RPM decorreu durante a tarde no Centro Cultural de Belém (CCB), com a presença de mais de metade dos representantes dos seus 165 membros.

O encontro nacional é uma das iniciativas da tutela da Cultura no sentido de reativar esta estrutura criada há 22 anos, e que tem estado “mergulhada na passividade” na última década, como apontaram alguns dos intervenientes.

“É normal que tenha tido altos e baixos ao longo de tanto tempo”, avaliou a secretária de Estado da Cultura à Lusa, acrescentando que os museus foram apontados como um setor prioritário no âmbito da atual política, tendo “a RPM um papel fundamental”.

Desde a criação, em 2000, a RPM – organismo oficial certificador da qualidade e funcionamento dos espaços museológicos no país – tem vindo a promover a partilha de conhecimento, serviços, recursos e boas práticas nesta área.

Atualmente, reúne museus e palácios, incluindo os nacionais, os tutelados pelas delegações da cultura dos Açores e da Madeira, da administração local e central, de empresas públicas, privados, de fundações, da Igreja Católica e das Misericórdias.

“É o momento de criar um novo fôlego” para a RPM, sublinhou Isabel Cordeiro, acrescentando que o objetivo é dar-lhe “um papel mais ativo em contexto local, regional ou nacional no que é a qualificação do tecido museológico” do país.

Nesse sentido, “vai ser criado um grupo de trabalho até ao final do ano para começar a trabalhar ativamente e auscultar todos os intervenientes”, nomeadamente os 165 museus membros da rede, e também com a secção portuguesa do Conselho Internacional de Museus, a Associação Portuguesa de Museologia (APOM), e o Conselho Geral de Museus, Palácios e Monumentos.

Este encontro nacional de profissionais de museus da RPM contou com 183 inscritos, desde membros da direção, conservadores, técnicos e representantes de organismos ligados à rede, incluindo as direções regionais de Cultura.

Alguns dos participantes lamentaram a “paralisia” da RPM na última década e a necessidade de uma maior descentralização de trabalho e recursos, bem como o aumento da participação democrática dos seus membros, da valorização e qualificação da realidade museológica do país, como defendeu José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão, no distrito de Faro.

Aquele responsável congratulou-se pelo “reencontro muito aguardado” pelos profissionais do setor, no sentido de “retomar o diálogo mais intenso e criar metodologias mais democráticas e horizontais de comunicação e cooperação da comunidade museológica nacional”.

Gameiro recordou que o panorama museológico português “mudou muito nos últimos 22 anos, pois antes não existiam as redes locais e regionais que hoje existem”, nomeadamente a Rede de Museus do Douro, a Rede de Museus do Algarve ou a Rede de Museus do Médio Tejo.

Como propostas para o futuro da RPM, sugeriu a criação de um conselho consultivo ou conselhos regionais, enquanto Clara Camacho, técnica da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que há 22 anos foi uma das responsáveis pela criação da estrutura que gerou a RPM, disse ser “necessária a criação de um novo paradigma”.

Clara Camacho recomendou o lançamento de um inquérito aos museus para “conhecer o estado atual e as suas reais necessidades, depois de uma crise financeira e da pandemia”.

Outro orador convidado, Manuel Pizarro, historiador de arte e curador, apontou que “na última década, foi visível o abrandamento da atividade da RPM, uma estrutura pouco flexível, com ação de escassos efeitos e diminuto acesso aos financiamentos” para os seus membros.

O atual diretor executivo do Museu Judaico Tikva, projeto em curso para nascer em Lisboa, recordou, no entanto, o “papel histórico e pioneiro” desta rede, “cuja implementação cabal nunca aconteceu”, devido, nomeadamente “ao seu papel muito mais administrativo, em vez de agente transformador”.

Também sugeriu que o futuro desta estrutura nacional deve passar por processos participativos dos seus membros e a concretização de núcleos de apoio aos museus do país.

Em maio de 2019, o Governo constituiu um grupo de trabalho para os “Museus no Futuro”, coordenado por Clara Camacho, que visava a “apresentação de recomendações e de propostas para estas entidades museológicas e patrimoniais, a curto prazo, mas também tendo o horizonte temporal dos próximos 10 anos”.

O relatório final foi divulgado em novembro de 2020, depois de uma versão preliminar em julho desse ano, recomendando, entre outras 49 propostas, que fosse criado um novo Instituto de Museus, Palácios e Monumentos.

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