Grupo de 64 coletivos convoca manifestação antirracista por um Portugal mais inclusivo

Arraial multicultural antirracista e contra a islamofobia, no Largo do Intendente, em Lisboa, 3 de fevereiro de 2024. O arraial multicultural é organizado por vários coletivos e associações antirracistas, entre elas a SOS Racismo, contra o racismo, a xenofobia e a islamofobia e segundo a organização, o encontro pretende "celebrar a diversidade e a pluralidade". MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Da Redação com Lusa

Um grupo de 64 coletivos está a convocar uma manifestação contra o racismo, a xenofobia e o fascismo para sábado, a decorrer simultaneamente em oito cidades portuguesas, para reclamar um país e um mundo mais inclusivos e interculturais.

Segundo a informação do Grupo de Ação Conjunta Contra o Racismo, esta organização está a convocar “todas as pessoas que acreditam na democracia para uma grande manifestação nacional de luta contra o racismo”, a decorrer a partir das 15:00 em Braga, Coimbra, Faro, Guimarães, Lisboa, Portalegre, Porto e Viseu.

“Numa altura em que o racismo, a xenofobia e a extrema-direita ganham terreno, não só em Portugal como em toda a Europa e a nível mundial, é urgente sair à rua e mostrar a nossa força para exigir propostas e ações significativas, concretas e eficazes para combater o racismo estrutural e institucional patente na sociedade portuguesa”, lê-se no texto disponível ‘online’.

Os organizadores justificam a iniciativa como forma de mostrar que não se conformam com a indiferença, a inércia e o desrespeito pelas conquistas do 25 de Abril, “de tantas pessoas que deram a sua vida para deixar para trás a ditadura que a extrema-direita quer recuperar”.

“A liberdade e a igualdade são os valores que nos movem na defesa da democracia! O silêncio das instituições é cúmplice. Não o acompanharemos nem o legitimaremos!”, referem.

Sobre esse silêncio, explicam que no dia 27 de janeiro enviaram uma carta aberta a várias entidades públicas, assinada por 8.474 pessoas, que pedia que fosse proibida a marcha de movimentos de extrema-direita contra a alegada islamização da Europa, e que aconteceu em 03 de fevereiro.

“A carta não obteve resposta de nenhuma das entidades destinatárias, revelando um desprezo total pelo apelo feito, abrindo caminho para a prática de crimes pelas ruas de Lisboa, testemunhados por um país inteiro, sem que as autoridades fizessem cumprir a lei”, criticam.

Defendem, por isso, que “é urgente” que todas as forças políticas democráticas assumam publicamente compromissos muito claros para combater o racismo, a xenofobia e a islamofobia, que “afetam diretamente a vida das pessoas racializadas e comunidades imigrantes, sempre mais vulneráveis no que respeita ao acesso a direitos básicos como a habitação, saúde, educação, transportes, justiça, cultura e informação”.

“É urgente dar um sinal inequívoco e público de que recusamos conviver em Portugal com organizações políticas e sociais de extrema-direita, racistas, xenófobas, islamofóbicas e homofóbicas, que as mesmas são inaceitáveis, antidemocráticas e ilegais, porque contrárias à Constituição da República Portuguesa e ao artigo 240.º do Código Penal”, referem.

Alertam ainda que a negação da realidade e a “inércia sistemática” são terreno fértil para a impunidade dos atos de racismo e de xenofobia.

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