Governo português, Misericórdia de Lisboa e comunidades se mobilizam para apoiar Manaus

Mundo Lusíada

O Governo português e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa anunciaram um apoio no valor de 50 mil euros (cerca de 319.800 reais) para o Hospital Beneficente Português do Amazonas “num dos momentos mais desafiantes da pandemia de COVID-19 em Manaus”.

“A este apoio, articulado com a Embaixada de Portugal em Brasília e com o Consulado Honorário em Manaus, que presta um serviço constante de apoio a todos os cidadãos nacionais no Amazonas, acresce aquele que tem resultado da solidariedade e mobilização da comunidade portuguesa e lusodescendente no Brasil” traz comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O Hospital Beneficente Português do Amazonas é uma instituição filantrópica, fundada em 1873 por portugueses na cidade de Manaus, que faz atendimento complementar ao Sistema Único de Saúde do Brasil. É hoje um hospital de referência no estado do Amazonas, que presta apoio não apenas à comunidade de aproximadamente 5 mil portugueses e lusodescendentes, e toda população da região.

“A instituição tem servido, ininterruptamente, o Brasil, como sucede atualmente no difícil contexto da pandemia de COVID-19” conclui o comunicado do governo, desta terça-feira. Este ano, o atendimento na saúde da região entrou em colapso devido a pandemia.

Embaixada

O novo embaixador português no Brasil salientou a importância das relações solidárias de Portugal com a sua diáspora, como o prova o anúncio da doação em dinheiro ao Hospital Beneficente Português de Manaus.

A informação foi confirmada à Lusa pelo novo embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, que contou que a doação simboliza um gesto de solidariedade à comunidade portuguesa de Manaus, composta por cerca de 5 mil pessoas, e a todos os brasileiros.

“Gostava de transmitir uma palavra de solidariedade, de união, de esperança, em relação a tudo que esta a acontecer no Brasil e no resto do mundo, em Portugal também. Infelizmente esta pandemia não está para desaparecer em seguida”, disse o embaixador.

“As autoridades portuguesas vão ajudar, vão apoiar, através do Hospital Beneficente Português, que, como sabem, tem 147 anos”, acrescentou.

Segundo o embaixador, a doação será viabilizada através de uma parceria do Governo português com a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa e o auxílio das comunidades portuguesas espalhadas em outros sítios do Brasil.

“Sei que o hospital Beneficente Português tem levado a cabo um trabalho muito importante na assistência nesta crise de emergência sanitária [em Manaus]”, justificou Luís Faro Ramos.

“Estamos a pensar que talvez a maneira mais eficaz de fazer chegar este apoio seja uma entrega direita de ‘cash’ [dinheiro]. Portanto, [faremos um] apoio financeiro direto. Achamos que é o mais apropriado porque depois competirá ao hospital dar o destino para esta contribuição”, completou o representante do Governo português.

Desde a semana passada, vários hospitais privados e públicos de Manaus registraram problemas no abastecimento de oxigênio, incluindo o hospital Português, que operou no limite das suas reservas de segurança.

A falta de oxigênio causou mortes, desespero de médicos, enfermeiros e familiares dos doentes na capital no Amazonas.

Além do problema com oxigênio para fazer o atendimento dos pacientes dentro dos hospitais, Manaus sofre com a falta de camas para atender doentes que precisam de auxílio médico.

No dia 5 de janeiro, o Hospital Beneficente Português anunciou a paralisação do atendimento de emergência para concentrar esforços no atendimento a pacientes infectados pelo novo coronavírus.

A situação agravou-se no mesmo momento em que a região foi identificada como ponto de origem de uma possível nova estirpe do vírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, aparentemente mais contagiosa do que as variantes anteriores em circulação no país.

Questionado sobre preocupação de Portugal com a nova variante brasileira, o embaixador não quis comentar alegando não ter conhecimento científico para falar sobre o assunto.

“Há uma preocupação permanente das autoridades de Portugal com toda a evolução desta situação. Como todos sabem, a pandemia tem evoluído lá [em Portugal] de uma maneira não tão favorável, portanto, estamos a tomar todas as medidas necessárias para minorar os efeitos que estamos a sentir. Confesso que sobre questões de natureza científica eu não me posso pronunciar”, concluiu.

O total de casos confirmados de covid-19 no Amazonas já superou a marca de 230 mil, segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde, órgão ligado ao Governo do estado.

O estado já registrou mais de 6.300 óbitos desde o início da pandemia em fevereiro do ano passado, segundo a mesma fonte de informação.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (210, em mais de 8,4 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.

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