Governo decreta três dias de luto após 62 mortes em incêndio no centro de Portugal

Vale das Porcas, Alvaiazere, centro de Portugal, 18 Junho 2017. . PAULO CUNHA/LUSA

Mundo Lusíada
Com agencias

Quase 2 mil bombeiros continuam combatendo o fogo, nesta segunda-feira, dia 19, no centro Portugal, num incêndio florestal de grandes proporções, iniciado na tarde de sábado, 17, que deixou 62 mortos no distrito de Leiria, na região central de Portugal, segundo o Secretário de Administração Interna de Portugal, Jorge Gomes. Ao menos 62 pessoas estão feridas, agora o combate às chamas está a decorrer de forma favorável.

O governo português decretou três dias de luto nacional. O primeiro-ministro, António Costa, visitou a região atingida e disse que “seguramente é a maior tragédia nacional” dos últimos anos no país.

O maior número de vítimas foi registrado na vila de Pedrogão Grande, mas o fogo se alastrou também pelas de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera. Foi impossível controlar durante a noite o fogo, que afeta os distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco, todos no centro do país.

Ao todo, 687 bombeiros e 224 viaturas foram acionados para tentar controlar as chamas, mas segundo o governo português há outros incêndios florestais no país que impedem o emprego integral das forças.

O governo espanhol foi acionado e enviou equipes para auxiliar no combate ao fogo. Por meio do Mecanismo de Proteção Civil, a União Europeia enviou três aviões para ajudar nos trabalhos de controle do incêndio.

A Polícia Judiciária de Portugal ainda investiga as causas das chamas, mas informou não considerar o incêndio como tendo origem criminosa, sendo o mais provável que tenha se iniciado com um raio caindo sobre alguma árvore seca e posteriormente espalhado pelos fortes ventos que atingem a região.

Os incêndios florestais em Portugal são comuns durante o verão europeu. No sábado, uma onda de calor elevou as temperaturas a patamares acima dos 40 graus Celsius.

A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e o primeiro-ministro da Espanha, Manoel Rajoy, ligaram para o primeiro-ministro português, António Costa, para prestar solidariedade e oferecer ajuda.

A ação dos operacionais junto das populações tem passado por deslocar pessoas, mas também, quando as condições de segurança o permitem, confinar os moradores ao local onde se encontram, devidamente protegidos. “É o oposto da evacuação ou da deslocação. É fácil de compreender, principalmente as pessoas idosas têm muita dificuldade em largar os seus pertences e sair de suas casas e desde que existam condições de segurança mantemo-las nesse espaço”, argumentou o comandante das operações Elísio Oliveira.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa proferiu uma declaração, no Palácio de Belém, a propósito da tragédia. “A nossa dor neste momento não tem medida, como não tem medida a nossa solidariedade, a solidariedade de todos nós para com os familiares das vítimas da tragédia de Pedrógão Grande”, declarou o chefe de Estado, numa comunicação ao país, a partir da Sala das Bicas.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “uma só morte em tais circunstâncias é sempre uma tragédia” e acrescentou que “tantas dezenas de mortos representam uma tragédia quase sem precedente na história do Portugal democrático”.

O Presidente da República expressou “gratidão” e “incondicional apoio” a todos os que estão envolvidos no combate ao incêndio e no apoio às populações atingidas, “bombeiros, Proteção Civil, INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica], Guarda Nacional Republicana, Polícia Judiciária, Forças Armadas, autarquias locais, estruturas de saúde e sociais, povo anônimo”.

Marcelo Rebelo esteve no local do incêndio na madrugada do dia 18, onde chegou pelas 00:40, para deixar uma palavra de ânimo e conforto a todos os envolvidos no combate ao incêndio, e considerou na altura que “o que se fez foi o máximo que se podia fazer”.

Nesta comunicação ao país, Marcelo Rebelo de Sousa salientou “o testemunho amigo” que recebeu “de personalidades tão diversas quanto o papa Francisco, o rei de Espanha, os presidentes da República de Cabo Verde, da Alemanha, da França e também da República Checa e da Grécia, o secretário-geral das Nações Unidas, o presidente da Comissão Europeia, o príncipe Aga Khan”.

O chefe de Estado deixou “uma palavra especial para o Presidente da Colômbia”, que confirmou o cancelamento da sua visita de Estado prevista para terça-feira.

Também o governo brasileiro se manifestou. “O Brasil manifesta, neste momento de dor, sua solidariedade ao Governo e ao povo do país irmão e às famílias das vítimas e faz votos de plena recuperação aos feridos”. “Não há registro de brasileiros entre as vítimas. O Itamaraty, por meio do consulado geral do Brasil em Lisboa, seguirá monitorando a situação”, refere o documento.

Segundo a nota, o Governo do Brasil instruiu os “cidadãos brasileiros residentes ou em trânsito na região de Leiria, localidade afetada pelo incêndio, que sigam as instruções das autoridades locais”. O núcleo de assistência a brasileiros do MNE disponibilizou contatos para informações e esclarecimentos aos cidadãos através do email [email protected] e dos telefones 00556120308803 e 00556120308804.

A tragédia tomou também as redes sociais que, juntamente com a #prayforportugal, passou a ser o tópico mais comentado da internet e divulga pontos de ajuda para quem puder fazer doações. Mais de uma centena de médicos voluntariou-se já para ajudar as vítimas dos incêndios na zona centro do país e também os médicos militares lembram que estão disponíveis e têm preparação específica neste tipo de cenários.

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