Governo: É preciso “agir urgentemente” junto dos jovens para combater abstenção

Arquivo/Lusa. O ministro português da Educação em escola de Lisboa

Da Redação
Com Lusa

O ministro português da Educação defendeu que é preciso “agir urgentemente” junto dos jovens tendo em conta a abstenção nas eleições europeias que, em Portugal, rondou os 70%.

“Muitos milhares de cidadãos foram votar, mas muitos outros milhares – mais ainda – abdicaram de o fazer”, sublinhou o ministro, Tiago Brandão Rodrigues, durante a Conferência Internacional “Educação, Cidadania, Mundo. Que escola para que sociedade?”, que está a decorrer no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

Em Portugal, apenas 31% dos eleitores participaram nas eleições europeias, sendo a sexta pior taxa da União Europeia, cuja média foi de 50,82%.

O ministro lamentou que a maioria dos jovens portugueses faça parte do grupo que, no domingo, não exerceu o seu direito de voto: “Há um número muito alto de abstenção entre os jovens”.

A taxa de abstenção próxima dos 70% “vem dizer que temos de agir urgentemente”, defendeu Tiago Brandão Rodrigues, em declarações aos jornalistas, à margem do encontro.

“A cada passo que não exercem a sua cidadania, há alguém que exerce por eles”, alertou, reconhecendo que “a escola tem um papel fundamental” no processo de “criar sociedades livres, democráticas e sustentáveis”.

As escolas, contou, têm vários projetos pensados para sensibilizar os jovens para a importância de participar nos atos de cidadania e valorizar os processos democráticos.

Além das aulas de cidadania, existem iniciativas como “A Voz dos Alunos”, em que são chamados a dar a sua opinião sobre como melhorar a escola, ou o “Orçamento Participativo das Escolas”, em que os alunos podem apresentar projetos para melhorar a escola.

No Orçamento Participativo, um aluno ou grupo que tenha uma ideia só precisa de reunir apoios e angariar votos dos restantes estudantes. No final, todas as propostas são votadas e o projeto vencedor torna-se realidade.

“É preciso uma prática diária para que a cidadania se cumpra”, lembrou hoje Tiago Brandão Rodrigues.

No entanto, no caso dos processos eleitorais não basta o trabalho das escolas: “É um problema multifactorial o que leva a afastar [as pessoas] do voto”, sublinhou.

O ministro deu exemplos que mostram como os mais novos estão empenhados em algumas causas, como a defesa do Planeta. Na semana passada, pela segunda vez em Portugal, milhares de estudantes voltaram a ocupar as ruas para alertar para a crise climática, participando na Greve Climática Estudantil, que se realizou em mais de uma centena de países.

O combate às alterações climáticas foi tomado como um direito fundamental dos mais novos que agora precisam de olhar para os processos eleitorais da mesma forma.

“A ignorância facilita a manipulação e os regimes autoritários”, alertou por seu turno Snežana Samardžić-Marković, Diretora-Geral da Direção-Geral de Democracia do Conselho da Europa, que também esteve na conferência sobre “Educação, Cidadania, Mundo. Que escola para que sociedade?”.

Snežana Samardžić-Marković lembrou que uma educação de qualidade e acessível a todos é uma importante ferramenta para prevenir injustiças sociais.

“Precisamos de uma sociedade estável e tolerante”, sublinhou a representante do Conselho da Europa, lembrando que a “empatia e a solidariedade” são qualidades que se adquirem através da educação.

A conferência internacional, que termina na quarta-feira, conta também com a colaboração da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o Conselho da Europa.

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