Da Redação
Com Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu, nesta quarta-feira, que a diáspora portuguesa constitui “um caso de estudo” na Europa, dada a facilidade de integração dos emigrantes nos países de acolhimento, sem perderem as ligações a Portugal.
“A diáspora portuguesa na Europa deve constituir e já constitui em muitos círculos um caso de estudo, porque não temos nenhuma notícia de problemas de integração significativos de comunidades portuguesas nos países europeus. Não há nenhuma notícia de um problema causado por inadaptação de portugueses, seja no Luxemburgo, no Reino Unido, em França, na Alemanha, na Suíça”, disse Augusto Santos Silva, na abertura do quinto encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, em Cascais.
Ao mesmo tempo que se integram com facilidade, os emigrantes portugueses mantêm a sua ligação a Portugal e à cultura portuguesa, referiu o ministro, que é vice-presidente honorário doe organismo. “É mesmo possível não nos fecharmos em identidades puramente nacionalistas, é mesmo possível continuarmos a ser o que somos, trabalhando com os outros, é mesmo possível que a Europa seja multicultural, multirreligiosa, multiétnica e Portugal e os portugueses provam isso”, sustentou.
Num ano que foi “absolutamente devastador” para o país, que exigiu uma “consciência de que se mantêm muitos problemas e existem problemas novos para os quais ainda há uma preparação muito frágil”, a diáspora representa também “o país da ciência e da tecnologia, da fluência em várias línguas, da paz e da segurança, da capacidade de compreensão intercultural”.
Mais tarde, Santos Silva explicaria aos jornalistas que se referia aos incêndios que este ano causaram mais de cem mortos em Portugal, que “tiveram efeitos devastadores, a nível de vidas humanas perdidas, de recursos materiais e também da autoconfiança do país”, e que exigem reformas da proteção civil e reordenamento da floresta.
Na sua intervenção, o governante destacou também que “o principal valor” que Portugal acrescenta é o “cosmopolitismo ao rés-do-chão”, um “sentido de abertura que é característico da cultura e da história portuguesas, como uma nação global habituada a circular nos vários cantos do mundo”.
Santos Silva destacou ainda que, se em dada altura as comunidades portuguesas se caracterizavam por “integração e ligação”, hoje há duas novas expressões a acrescentar: representação e influência.
“Quando olhamos para as sociedades de acolhimento dos emigrantes portugueses, precisamos de investir mais na representação do que eles são nas estruturas e nas instituições das sociedades de acolhimento. Por isso, hoje, os ponta-de-lança são os luso-eleitos, os quadros profissionais, os que dirigem instituições públicas ou empresas”, considerou.
Por outro lado, é precisa “mais influência nas sociedades de acolhimento das comunidades portuguesas”, enquanto os portugueses residentes no estrangeiro “devem ter mais influência na vida económica, cultural e política” nacional.
O presidente da direção do Conselho da Diáspora Portuguesa, Filipe de Botton, lembrou que há 10 milhões de portugueses em território nacional e cinco milhões de nacionais e lusodescendentes no estrangeiro.
O Conselho da Diáspora integra 96 membros, em 28 países, num total de 48 cidades. Além do investimento, “a afirmação de um país passa cada vez mais” por outras áreas, como ciências, artes, desporto, gastronomia, sustentou o responsável.
Quando o Conselho foi criado, em 2012, “o país estava claramente numa situação mais desfavorável” do que a atual, mas “ainda há muito por fazer”. “O que tentamos, nas sociedades de acolhimento, é promover a imagem de Portugal, dar uma imagem forte, diferente, moderna, de um país que nós sabemos que temos, e sobretudo de um Portugal como um exemplo de um país a seguir, mas onde claramente há muito a fazer”, explicou.
Durante a manhã, os conselheiros debateram dois temas – liderança e diversidade e cibersegurança -, sendo o encontro encerrado pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que tem o cargo de presidente honorário do Conselho da Diáspora.