Governo diz que desconhece saída do acionista David Neeleman da TAP

Humberto Pedrosa e David Neeleman, em conferência de imprensa, 2015. Foto JOSE SENA GOULAO/LUSA

Da Redação
Com Lusa

O ministro das Infraestruturas e Habitação de Portugal, Pedro Nuno Santos, assegurou esta quarta-feira, 27 de novembro, que não está prevista nenhuma alteração societária na TAP, desconhecendo informação sobre a eventual saída do acionista privado David Neeleman.

“Não sei de nenhuma saída do nosso acionista privado […], não existe nenhuma alteração societária, neste momento, prevista”, afirmou Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita de trabalho ao Porto de Lisboa.

Indicando que enquanto acionista o Estado acompanha toda a vida da empresa TAP, o ministro das Infraestruturas reforçou que “qualquer negociação ou qualquer negócio ou qualquer interesse por parte de privados é entre privados”.

“Acompanhamos, mas não temos nenhum comentário a fazer sobre isso”, expôs.

Na terça-feira, o Jornal de Negócios noticiou que a saída do empresário da TAP está preparada para o primeiro trimestre do próximo ano, estando a desenvolver contatos com a Lufthansa, British Airways, Air France e United para o substituir.

No mesmo dia, ao final da tarde, David Neeleman disse em comunicado que está “cada vez mais entusiasmado com o futuro” da companhia aérea de bandeira.

“Hoje, tal como em 2015, quando ninguém acreditava, estou cada vez mais entusiasmado com o futuro da TAP”, afirmou o empresário no comunicado, sem fazer qualquer referência à informação noticiada.

Rejeitando fazer conjeturas sobre o futuro da empresa e o reforço do papel do Estado, Pedro Nuno Santos disse hoje que a reversão da privatização que estava decidida em 2015 permitiu garantir que “a TAP é uma empresa portuguesa, que não sai de Portugal e continuará a servir a economia portuguesa”.

O Estado português participa e tem “uma posição muito determinante, aliás maioritária, na definição da estratégia da empresa”, sublinhou o governante, acrescentando que a gestão corrente da empresa “está 100% sob a responsabilidade do privado”.

“Não está prevista nenhuma alteração desta relação entre o Estado e o privado, portanto tudo o resto, notícias que ouvi e li são notícias, neste momento, não tenho qualquer tipo de confirmação e, por isso, qualquer juízo sobre essa matéria é meramente especulativo e não era correto da minha parte estar a fazê-lo”, declarou o responsável pela pasta das Infraestruturas.

Pedro Nuno Santos frisou que o Estado não coloca um cêntimo na TAP há 20 anos, recusando preocupações de que se anda a pôr dinheiro na companhia.

“Na realidade, somos acionistas da TAP, portanto deveríamos ter essa responsabilidade, efetivamente, como acionista, mas a verdade é que não metemos um cêntimo na TAP há 20 anos e é preciso que toda a gente tenha consciência disso”, avançou o ministro das Infraestruturas.

Quanto aos resultados negativos da empresa, o governante disse que, “infelizmente, essa é a história da TAP”.

“Os resultados positivos em toda a história da TAP contam-se pelos dedos de uma mão, aliás são menos que os dedos de uma mão”, apontou o responsável pela pasta das Infraestruturas, destacando o investimento que tem sido feito nos últimos anos.

Considerando que a TAP em 2015 estava “no chão”, Pedro Nuno Santos defendeu que hoje é uma empresa “com mais aviões, com mais pessoal, a abrir rotas, a crescer”.

“Obviamente que há aqui uma fase de crescimento que lança desafios. Olhamos, obviamente, com muita atenção para o que está a acontecer”, realçou o ministro, rejeitando o “mito” de que a falência técnica da empresa se deva à participação do Estado, que “tem a maioria no Conselho de Administração”, mas “na Comissão Executiva a gestão é, absolutamente, privada”.

“A TAP é demasiado importante para que o Estado não tenha uma presença. Obviamente que queremos que a TAP tenha saúde financeira, econômica, operacional, e essa é uma preocupação que temos, que acompanhamos com muita atenção”, declarou o ministro.

A TAP registou, nos primeiros nove meses deste ano, prejuízos acumulados de 111 milhões de euros que atribui a “variações cambiais sem impacto na tesouraria”, de acordo com um comunicado divulgado no dia 18 de novembro.

“A TAP S.A. apurou um prejuízo acumulado, nos primeiros nove meses do ano, de 111 milhões essencialmente devido a variações cambiais sem impacto na tesouraria. Excluindo esta variação cambial, o lucro líquido consolidado do grupo TAP, no terceiro trimestre de 2019, foi de 61 milhões de euros positivos, compensando em mais 50% o prejuízo gerado no primeiro semestre de 2019”, avançou a companhia na altura.

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