Da Redação
Com EBC
Nesta semana, o Ministério da Educação (MEC) destinará R$ 908.800 à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para custear o projeto executivo da fachada e do telhado do Museu Nacional do Rio de Janeiro, administrado pela instituição. O acervo foi incendiado em setembro do ano passado.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, já tinha anunciado a liberação do MEC. “Tivemos ontem uma reunião muito proveitosa com o MEC, que foi extremamente sensível diante de todas as dificuldades e nos deu essa grata notícia”, disse Kellner, durante evento na Quinta da Boa Vista, no fim de semana nos 201 anos do Museu Nacional.
Com apoio do Serviço Social do Comércio (Sesc), uma estrutura foi montada em frente ao edifício incendiado. Pesquisadores distribuídos em diversos estandes irão apresentar até amanhã (9) estudos e peças do acervo que não foram atingidas.
De acordo com o diretor, um projeto executivo irá indicar o valor total das obras da fachada. “Ele será feito em etapas. Quando a empresa contratada entregar uma parte, nós já poderemos começar os trabalhos aplicando os recursos da emenda parlamentar impositiva destinada ao Museu Nacional.”
Na semana passada, o MEC divulgou nota informando que aguardava o plano de trabalho para o início das obras a ser apresentado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo Museu Nacional. “O valor disponibilizado só será liberado após a conclusão e aprovação do plano”, disse.
Ajuda internacional
Também durante a celebração dos 201 anos do Museu Nacional, o cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Klaus Zillikens, anunciou o aporte de 145 mil euros. Esses recursos serão empregados para recuperação da parte elétrica do edifício.
“Temos sérios problemas do dia a dia. Às vezes, não consigo trocar uma lâmpada porque a verba que era destinada a isso vinha da bilheteria que não existe mais. Para suprir parte dessas demandas estamos pedindo doações por meio da campanha SOS Museu Nacional. E também doações aos governos. A Alemanha tem sido uma grande parceira”, explicou o diretor do museu.
O governo alemão já havia disponibilizado em dezembro do ano passado 180 mil euros para a aquisição de equipamentos necessários para o resgate do acervo. “Estamos estudando a possibilidade de conceder bolsas de estudos para a continuidade das pesquisas”, explicou o cônsul-geral.
Apesar de promessas de outros países, até o momento, apenas a Alemanha garantiu aporte financeiro para a recuperação do Museu Nacional.
Prestação de contas
Segundo o diretor do Museu Nacional, será realizado um evento no dia 2 de setembro que marcará um ano do incêndio e, na ocasião, serão listados para o público os recursos já recebidos e também as demandas ainda não atendidas. Ele adiantou, porém, que o maior repasse até o momento foi do MEC, ainda durante o governo de Michel Temer.
Na ocasião, foram transferidos R$ 16 milhões, dos quais R$ 9 milhões se destinaram a intervenções para estabilização do prédio e montagem da estrutura temporária de telhados e R$ 5 milhões repassados para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que está encarregada da elaboração do projeto executivo das instalações internas e do projeto para as novas exposições.
Os outros R$ 2 milhões tiveram empregos diversos, como a montagem de contêineres.
Resgate
A estimativa da diretoria do Museu Nacional é que entre 75% e 78% das coleções foram afetadas no incêndio, o que não significa que foram todas destruídas.
Kellner afirma, porém, que mais da metade das coleções foi perdida, e cita os 12 milhões de exemplares de insetos e materiais etnográficos raros.
O trabalho de salvamento do acervo que se encontra sob os escombros só deve ser encerrado no fim do ano. O resgate de peças tem sido divulgado progressivamente.
Em outubro do ano passado, foi localizado o crânio da Luzia em fragmentos. Trata-se do fóssil mais antigo já encontrado no continente americano, considerado uma das principais relíquias que a instituição guardava. Ele deverá ser restaurado.
Já nesse ano, foi organizada a primeira exposição após o incêndio. Realizada em parceria com o Museu da Casa da Moeda do Brasil, que cedeu seu espaço, a mostra incluiu 160 peças do projeto Paleoantar, dedicado a coletar e estudar rochas e fósseis da Antártica. Entre elas, há oito peças que foram resgatadas dos escombros do edifício queimado.
Sobre uma estimativa de reabertura do Museu Nacional, o diretor afirmou que sua meta é daqui a três anos ter pelo menos uma sala ou uma parte do edifício com exposição disponível ao público.
Em outubro do ano passado, quando anunciou a localização do crânio da Luzia, ele estimou que, para ter um museu de primeira linha, serão necessários R$ 300 milhões.