Da Redação
Com Lusa
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, desafiou as associações de emigrantes a reunirem-se numa organização que permita uma ligação entre Portugal e as estruturas representativas dos portugueses na diáspora.
“Deixo um desafio: gostaria muito que daqui saísse uma nova estrutura interassociativa, uma estrutura que seja um elemento não para dirigir as associações, mas de ligação entre Portugal e as associações espalhadas pelo mundo”, afirmou o governante português, dirigindo-se aos 26 dirigentes associativos da diáspora que participaram num curso de formação, em Lisboa e Oeiras entre 26 e 28 de março.
Segundo José Cesário, teoricamente existem cerca de três mil associações de emigrantes, mas “na prática” há perto de mil, referiu, incentivando os dirigentes a atrair os mais jovens para o movimento associativo. O governante, que já desempenhou o mesmo cargo no executivo de Durão Barroso, recordou que há dez anos foi criada “uma plataforma de dirigentes associativos juvenis à escala global”, mas que “não teve sucesso”, e instou os participantes no encontro a criarem uma estrutura interassociativa.
“Não é o Governo que cria; tem de ser a sociedade civil”, disse José Cesário, recomendando que o futuro organismo “seja intergeracional” e tenha “uma representação global, com gente com mais experiência e com menos experiência e representativa dos vários continentes”.
Para Portugal, sublinhou, “é vital a relação com as comunidades”, mas “não é só por causa das remessas, do dinheiro ou do investimento, mas sobretudo pela promoção da imagem de Portugal no estrangeiro”.
Na sessão de abertura do curso, o secretário de Estado do Desporto e Juventude, Emídio Guerreiro, defendeu que as associações de emigrantes devem ser “parceiros estratégicos” das organizações em Portugal, nomeadamente nas áreas da mobilidade e do desporto, que beneficiam de financiamentos comunitários. “Há financiamento para mobilidade juvenil e também, pela primeira vez, para proporcionar intercâmbios no desporto, promovendo a ética e o combate ao doping”, referiu.
Emídio Guerreiro deu o exemplo dos programas de mobilidade e intercâmbio, em que as associações nacionais precisam de “parceiros noutros países”, nomeadamente na Europa e nos países lusófonos. Com os restantes países, não existem mecanismos de apoio, mas há que “abrir pontes também para as associações que tenham como parceiros preferenciais as associações juvenis portuguesas”.
O objetivo, acrescentou, é “criar uma base de dados entre as associações portuguesas e as das comunidades” para trabalharem juntas e assim “potenciar a lusofonia em toda a linha”.
O curso mundial de formação de dirigentes associativos da diáspora reuniu 26 responsáveis, oriundos de diversos países, como Brasil, África do Sul, Argentina, Estados Unidos, Luxemburgo, Canadá, Alemanha, Suíça, Bélgica, França, Espanha e Andorra. Esta foi a segunda edição do evento organizado pela Confraria dos Saberes e Sabores da Beira – Grão Vasco. No final dos trabalhos, o grupo tinha previsto um encontro com o primeiro-ministro na residência oficial de São Bento.