Mundo Lusíada
Com Lusa
O Governo português dá prioridade à resolução de “todas as perturbações que possam existir” na relação entre Portugal e Angola, que pretende manter e aprofundar, afirmou o ministro da Presidência, Luís Marques Guedes.
Luís Marques Guedes assumiu esta posição durante a conferência de imprensa sobre as conclusões do Conselho de Ministros, depois de questionado sobre as declarações do ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti. Em 23 de outubro, Chikoti declarou, em entrevista à Televisão Pública de Angola, que o Governo angolano deixou de considerar prioritária a cooperação com Portugal, elegendo África do Sul, China e Brasil como alternativas, e colocou em dúvida a realização da primeira cimeira luso-angolana.
Luís Marques Guedes afirmou que “a intenção do Governo português é a intenção natural de, não só manter como aprofundar permanentemente essas relações no âmbito da comunidade de países de língua oficial portuguesa, quer com Angola, quer com os restantes países de língua oficial portuguesa”.
“Todas as perturbações que pontualmente possam existir relativamente à excelência dessas relações são perturbações que devem ser tratadas com a maior das prioridades e resolvidas como são sempre resolvidas as questões que são de interesse nacional. E claramente que as relações entre os estados da comunidade de língua portuguesa são questões prioritárias para o interesse nacional e são relações de excelência que o Estado português procurará sempre manter, resolvendo todas as questões que pontualmente possam surgir no percurso do aprofundamento dessas relações”, acrescentou.
O Presidente português Cavaco Silva já havia afirmado estar certo de que “mal entendidos” entre Portugal e Angola e “eventuais desinformações” vão ser ultrapassados e que os dois países vão fortalecer o seu relacionamento. Em declarações aos jornalistas, à margem da XXIII Cimeira Ibero-Americana, na Cidade do Panamá, o chefe de Estado português adiantou que “ocorreram contatos” entre o seu gabinete e o gabinete do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e que “a conversa correu bem”.
Segundo Cavaco Silva, “quando as relações entre dois países são muito intensas, como é o caso de Portugal e de Angola, por vezes surgem mal entendidos”. “Eu estou seguro de que esses mal entendidos vão ser ultrapassados. É essa a vontade das autoridades portuguesas, e estou certo de que será também essa a vontade do Presidente José Eduardo dos Santos, que sei que tem um grande apreço pelo povo português”, afirmou.
O Presidente Português começou assumindo-se como “um defensor ativo do fortalecimento das relações de amizade e de cooperação entre Portugal e Angola”, apontando as “relações intensas entre os dois” como “mutuamente benéficas” e qualificando os angolanos e portugueses como povos amigos.
Cavaco Silva referiu-se aos responsáveis políticos angolanos, aos empresários angolanos que investem em Portugal, aos empresários portugueses presentes em Angola e às comunidades emigrantes portuguesa e angolana nos dois países. Quanto aos empresários angolanos, defendeu que Portugal deve acolhê-los “com a mesma abertura e o mesmo respeito com que os empresários portugueses são acolhidos em Angola” e que “o investimento estrangeiro, incluindo o investimento de origem angolana, é importante para o crescimento econômico português e para a criação de emprego em Portugal”.
O chefe de Estado português falou também do papel dos empresários portugueses presentes em Angola, no desenvolvimento do país. “Não podemos esquecer que Angola é o nosso quarto cliente, que vivem e trabalham em Angola mais de 100 mil portugueses. Existe também uma comunidade angolana forte em Portugal, e Portugal é também um mercado importante para a produção angolana”, assinalou.
Cooperação com Portugal em segundo plano
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, havia considerado na terça-feira que “o clima político atual” da relação entre Portugal e Angola “não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada” entre os dois países.
Através de uma nota divulgada, o Governo português manifestou surpresa com as palavras do Presidente angolano sobre a relação entre Portugal e Angola e reiterou a importância e o “alcance estratégico” que tem atribuído a esse relacionamento bilateral.
Quanto à realização da primeira cimeira luso-angolana, inicialmente prevista para o final deste ano e adiada para fevereiro de 2014, o chefe da diplomacia angolana disse não ter “muita certeza” sobre a sua realização.
Georges Chikoti considerou, no dia 23, que “tem que haver por parte de Portugal algum respeito por entidades angolanas e talvez conseguir gerir bem esta relação, que não tem sido realmente a prática”.
Foi a primeira vez que um governante angolano se pronunciou sobre as relações luso-angolanas, depois do presidente José Eduardo dos Santos ter anunciado no dia 15, em Luanda, no discurso sobre o Estado da Nação, a suspensão da parceria estratégica com Portugal, apontando “incompreensões ao nível da cúpula e o clima político atual”.
Semana Empresarial Angola Portugal
A Fundação AIP, através da AIP – Feiras Congressos e Eventos, organiza até 27 de outubro em Angola a 2ª edição da Semana Empresarial Angola Portugal, na qual participam cerca de 60 empresas portuguesas dos setores da construção e imobiliário, energia, água, ambiente, segurança, decoração e mobiliário
No início da semana as empresas portuguesas visitaram as províncias de Huila e Namibe onde tiveram encontros com as autoridades e os empresários locais, trocando opiniões e experiências sobre as oportunidades de negócios e investimentos no sul de Angola.
No dia 23 em Luanda, decorreu o Grande Encontro Empresarial Angola Portugal com cerca de 200 empresários convidados dos dois países. O evento promovido pela Fundação AIP conta com o apoio da Embaixada de Portugal em Angola e da AICEP.
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