Da Redação com Lusa
O ministro da Economia português, Pedro Siza Vieira, desafiou as empresas portuguesas a estarem atentas e a aproveitarem o programa de privatizações e concessões em Cabo Verde como forma de se internacionalizarem para novos mercados e novos clientes.
“Acho que nos próximos anos nós vamos ter em Portugal um grande movimento de internacionalização das nossas empresas e, por isso, se as oportunidades fizerem sentido, estou convencido que as empresas portuguesas não deixarão de estar atentas também as oportunidades que aí surgem”, disse o ministro.
O também ministro de Estado e da Transição Digital falava aos jornalistas, na cidade da Praia, após um encontro com o vice-primeiro-ministro, ministro das Finanças e do Fomento Empresarial e da Economia Digital de Cabo Verde, Olavo Correia, no âmbito de uma visita que efetua ao arquipélago.
O governante português disse que o foco não foi tanto o programa de privatizações de Cabo Verde, mas sim como criar condições para haver mais investimento produtivo na área dos bens e dos serviços naquele país africano.
“Não é só aquisição de atividades que já existem, mas sobretudo como facilitar novo investimento em Cabo Verde para servir outros mercados”, projetou, entendendo que isso vai permitir aos dois países aprofundarem ainda mais as relações econômicas e de investimentos.
Para Pedro Siza Vieira, as relações econômicas entre Portugal e Cabo Verde são “muito intensas”, mas é de opinião que há capacidade para os dois países fazerem “ainda mais e melhor”.
“Isso pode passar por um reforço da internacionalização da economia de Cabo Verde, designadamente através da atração de empresas portuguesas que possam a partir daqui servir os mercados globais”, apontou.
E uma vantagem neste momento, referiu, é o facto de os dois países estarem ligados por um cabo submarino de fibra ótica que vai permitir que as empresas de serviços tecnológicos e os centros de serviços nesta área possam instalar-se em Cabo Verde ou em Portugal.
“Do lado de Portugal o interesse é muito evidente, as empresas portuguesas precisam de encontrar novas bases a partir da qual possam chegar aos clientes internacionais que cada vez mais têm, da parte de Cabo Verde também foi manifestado pelo senhor ministro a ideia de que captar atividades mais qualificadas também ajuda a criar aqui melhor emprego, também aproveitando as excelentes qualidades dos recursos humanos de Cabo Verde”, sublinhou.
O programa de reformas para o Setor Empresarial do Estado de Cabo Verde, iniciado na anterior legislatura (2016/2021) pelo atual Governo, envolvia 23 empresas, com privatizações e subconcessões na área dos transportes, eletricidade, economia marítima, saúde, entre outros.
Segundo um relatório anterior do FMI, 10 destas empresas públicas apresentaram prejuízos em 2018.
O programa de privatizações de empresas estatais ou participadas pelo Estado foi suspenso em 2020 por causa da pandemia da covid-19.
O vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, manifestou a vontade do Governo em fazer de Cabo Verde um “centro de domiciliação de empresas portuguesas” com interesse em fixar-se no arquipélago nas áreas das tecnologias, indústria ligeira, economia marítima ou turismo.
“Não só para prestar serviço para o mercado cabo-verdiano, mas sobretudo para também exportar para o mundo e para o mercado da CEDEAO [Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental]”, apontou.
Antes disso, prosseguiu o ministro cabo-verdiano, há um conjunto de questões que os dois países vão trabalhar em conjunto para atrair empresas portuguesas para Cabo Verde, como a conectividade, mobilidade, transportes, quadro fiscal e o quadro de incentivos.
“Esperemos que a parte portuguesa possa vir a dar um contributo ainda maior em relação à criação dessas oportunidades de empregos para jovens cabo-verdianos que estão a qualificar-se que, legitimamente, ambicionam ter um emprego mais qualificado e melhor remunerado”, concluiu Olavo Correia.