Da Redação
Com EBC
O governador de Roraima, Antônio Denarium, anunciou neste domingo que decreta estado de calamidade na saúde pública do estado. Segundo Denarium, a decisão foi tomada após o agravamento dos conflitos na Venezuela, que resultou no aumento do número de feridos que são removidos para hospitais do estado.
“Nós já estávamos com a situação crítica na saúde aqui no estado de Roraima e, com a onda de violência na Venezuela, essa crise se agravou mais ainda”, afirmou em coletiva de imprensa. O decreto já foi assinado para publicação na edição desta segunda-feira, dia 25, do Diário Oficial do estado.
“Nós vamos decretar estado de calamidade pública na saúde de Roraima para que a gente possa ter a possibilidade de fazer compras emergenciais de medicamentos e material médico-hospitalar”, acrescentou Denarium.
Somente nas últimas 36 horas, 18 feridos deram entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista, com ferimentos por arma de fogo. Desse total, 13 tiveram que passar por cirurgia e estão internados em unidades de terapia intensiva (UTIs).
O governo do estado também analisa a possibilidade de contratar leitos hospitalares privados, caso aumente a demanda por internação. Segundo o governador, no HGE, principal hospital do estado, já não há mais disponibilidade de UTI nem de leitos.
Remoção
O governador informou também que o Exército disponibilizou sete ambulâncias para fazer a remoção de pacientes de Pacaraima, cidade que fica na fronteira com a Venezuela, para a capital do estado, Boa Vista. Equipes médicas também foram reforçadas no Hospital de Pacaraima, que não tem estrutura para atendimentos de alta complexidade. Plantonistas estão de prontidão em Boa Vista caso a demanda na saúde aumente ainda mais nos próximos dias.
O vice-governador de Roraima, Frutuoso Lins, que é médico, informou que os feridos que têm chegado ao HGR são, na sua maioria, vítimas graves de tiros de fuzil, que exige um tratamento mais intenso do que feridos por armas de fogo simples. “É uma novidade para gente tratar ferida de arma de fogo por fuzil, que é muito diferente de tratar ferida por arma comum, como [revólver] 38 ou 380. É um ferimento muito mais grave e denota um uso do sistema de saúde muito mais intenso”, afirmou.
Fronteira
Antônio Denarium destacou que, com o fechamento da fronteira terrestre entre os dois países, determinada pelo presidente do país vizinho, Nicolás Maduro, cerca de 2 mil brasileiros que vivem na região de Santa Elena do Uiarén, cidade que fica do lado venezuelano, estão retidos. Ele disse, entretanto, ter informações de que poderá haver uma reabertura parcial da fronteira nos próximos dias.
“Temos informação do Exército de que provavelmente hoje ou amanhã a fronteira será aberta para a passagem de pedestres. Não temos informação, ainda, da abertura, por parte da Venezuela, para a passagem dos caminhões”, disse.
No fim de semana, a Presidência da República informou que dois caminhões com ajuda humanitária entraram em território venezuelano através da fronteira em Roraima. Segundo o governador do estado, o fluxo diário de imigrantes venezuelanos para o Brasil, a partir da fronteira de Pacaraima, era de cerca de 500 pessoas, antes do fechamento do acesso.
Mas na noite de domingo, a Presidência da República divulgou nota oficial informando que os caminhões retornaram para a região de Pacaraima (RR), no lado brasileiro da fronteira, sem que os suprimentos, que incluem alimentos não perecíveis e medicamentos, fossem entregues.
“Em função da impossibilidade de prosseguir em território venezuelano, como planejado, as viaturas retraíram para a região de Pacaraima (RR), estando neste momento em segurança e estacionadas no Pelotão Especial de Fronteira ali desdobrado”, informou a Secretaria Especial da Comunicação Social da Presidências da República (Secom/PR).
Ainda segundo a nota, “novos deslocamentos serão planejados à medida que os meios de transportes estejam disponíveis e a situação diplomática e de segurança esclarecidas”.
Imagens transmitidas pela televisão neste domingo mostraram manifestantes chamando a atenção e atirando pedras em direção às forças militares venezuelanas, dispostas em fila e fazendo uma barreira na pista ao lado de um tanque.
Os militares venezuelanos reagiram atirando bombas de gás lacrimogêneo nos manifestantes, em direção ao lado brasileiro da fronteira. Pelas imagens, apenas um militar brasileiro entra no meio do conflito fazendo gestos para que os ataques terminem.
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, chegaram de Bogotá onde participam da reunião do Grupo de Lima, neste dia 25, na capital colombiana. Mais cedo, pelo Twitter, o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou sua chegada a Bogotá para participar da reunião do grupo. O encontro, com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, discute o acirramento da crise na Venezuela.