Mundo Lusíada com Agência Lusa
Dilma Rousseff foi destituída do cargo de Presidente do Brasil e, em Portugal autoridades políticas se manifestaram contra e a favor ao processo levado a cabo pelo Senado brasileiro.
Desconsiderando postagens publicadas em redes sociais, ou em blogues particulares, pode-se destacar o que saiu na imprensa portuguesa sobre os dirigentes do PCP (Partido Comunista) que criticaram a destituição da então presidente do Brasil, classificando-a como um “autêntico golpe de Estado institucional” protagonizado pelo “grande capital brasileiro”. Sem levarem em conta que na realidade quem protagonizou o acontecido foi o Senado e a maior instância jurídica do Brasil.
Recordando que Rousseff foi eleita por 54 milhões de brasileiros, o comunicado dos comunistas portugueses descreve que a decisão do Senado do Brasil “culmina um processo de autêntico golpe de Estado institucional”, acrescentando que se trata “de uma grande operação do grande capital brasileiro para pôr em causa o processo de mudanças sociais e de afirmação soberana, iniciado com a presidência de Lula da Silva em janeiro de 2003”.
Segundo o PCP, “o golpe agora consumado” está incluído “numa ofensiva mais ampla do imperialismo norte-americano e das oligarquias latino-americanas visando recuperar posições perdidas, derrotar os processos progressistas em países como a Venezuela, a Bolívia, o Equador, a Nicarágua, destruir os avanços de integração solidária anti-imperialista que percorrem a América do Sul e Caraíbas”.
Muitas das afirmações do PCP no entanto retrata mais a cartilha lulista e ou petista (quase que uma transcrição do que prega no Brasil o Partido dos Trabalhadores) do que a realidade brasileira, a qual, aliás foi tratada pelo presidente Marcelo Rebelo, em recente visita ao Brasil, com o maior cuidado e diplomacia. Falando aos jornalistas em São Paulo, inclusive ao próprio Mundo Lusíada, o presidente Marcelo disse que não faria cometários sobre os problemas que estejam acontecendo no país irmão, fora de sua jurisdição política, como no Brasil, evitando assim algum desconforto diplomático com autoridades brasileiras.
Já o PCP por sua vez, acusa que a mudança avançada pelo Senado brasileiro representa: “uma política antidemocrática, antipopular e de sujeição ao imperialismo do governo reacionário do ‘usurpador’ Michel Temer”, possivelmente não entendendo a realidade política brasileira em praticamente nenhum aspecto. As criticas do PCP foram tão sem sentido que chamaram algumas manifestações petistas em algumas capitais como “grandes manifestações”, as quais na realidade, tiveram pequenos grupos fechando grandes avenidas em centros como São Paulo e Rio de Janeiro, causando sim grandes transtornos à população.
Governo português manifesta a Temer vontade de “aprofundar relações” com o Brasil
Por outro lado o governo português manifestou, quinta-feira (01), a “vontade de continuar a aprofundar as relações bilaterais” com o Brasil. A nota foi divulgada um dia depois de Michel Temer assumir a Presidência da República, na sequência do processo de impeachment que levou ao afastamento definitivo da ex-presidente Dilma Rousseff, condenada no Senado Federal por crimes de responsabilidade.
“No momento da tomada de posse do Presidente Michel Temer, no cumprimento das disposições constitucionais brasileiras, o Governo português vem reiterar a sua vontade de continuar a aprofundar as relações bilaterais de excelência que ligam Portugal e o Brasil, alicerçadas num elo único e fraterno entre os dois povos”, sinaliza o governo do primeiro-ministro António Costa, do Partido Socialista.
“A próxima cimeira bilateral a realizar proximamente em Brasília será mais um marco importante neste relacionamento tão especial, permitindo avançar nas relações bilaterais e trabalhar em conjunto, na esfera internacional, em prol da paz e do desenvolvimento e no reforço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP)”, lê-se na nota divulgada hoje pelo Palácio das Necessidades, sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, na capital portuguesa.
A data de realização da cimeira luso-brasileira, que vem sendo adiada desde o ano passado, ainda não foi anunciada, podendo ocorrer por ocasião da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), prevista para este ano.