Os melhores vinhos de Portugal reunidos na ProWine São Paulo

Por Ingrid Morais

 

A quinta edição da maior feira profissional de vinhos e destilados das Américas, a ProWine São Paulo, que ocorreu entre os dias 1 e 3 de outubro, contou com 15 mil visitantes passando pelos corredores do Expo Center Norte. Um total de 1.402 marcas de 34 países e claro, Portugal marcou presença oferecendo uma vasta gama de produtos.

Batemos um papo com Karene Vilela, da Portus Cale e presidente da Câmara Portuguesa de São Paulo e com Gabriel de Almeida Barreto da Casa Almeida Barreto.

Mundo Lusíada: A Casa Almeida Barreto reúne vinho e música com rótulos intitulados “Piano Piano” e “B” (fazendo menção ao lado B do vinil). Trabalhar com vinho é uma arte?

Gabriel de Almeida Barreto: Eu sou enólogo e proprietário da Casa Almeida Barreto que fica em Espírito Santo do Pinhal no estado de São Paulo. Divido meu tempo entre lá e Lisboa onde estou concluindo meu mestrado em Enologia no Instituto de Agronomia. Produzimos algumas variedades e se destacam hoje Syrah e Cabernet Franc, produzidas por uma técnica chamada dupla poda, pela qual colhemos o vinho no inverno, quando os dias são quentes e as noites são frias, isso associado com a altitude da nossa fazenda que é de 1300 m o que dá aos nossos vinhos bastante acidez, frescor e elegância. A Syrah é a estrela da casa trazendo essas notas de frutas pretas… dependendo do ano, se um pouco mais quente, traz uma nota defumada, uma nota apimentada…Temos duas linhas de produtos: a mais clássica chama-se “Piano Piano” – uma homenagem à minha família que é de pianistas e a mim mesmo, que também sou pianista. E no rótulo tem uma música que foi escrita pelo meu avô em homenagem a mim chamada “Golden Dream”, como se eu fosse um sonho na vida dele. É uma linha mais clássica e comportada, que tem a ver com a nossa família Almeida. E o “lado B” é o nosso rótulo que remete ao disco de vinil e também o B que é a assinatura do meu avô Barreto e tem relação com um outro lado da família que é “descomportada”. O wine bar que estamos abrindo agora tem tudo a ver com isso. Temos um piano, é claro, pra fazer jam sessions e trazer quem quiser, e o nosso toca disco de vinil pra gente brincar com os lados A e B da vida.

 

Mundo Lusíada: Você é a primeira mulher em 112 anos a presidir a Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – São Paulo e também é uma das pouquíssimas CEOs no mundo dos vinhos.  Qual conselho daria para uma mulher que deseja empreender e tornar-se uma líder?

Eu sempre falo que eu sei a responsabilidade que é dar voz para as mulheres. Espero  que eu seja a primeira de muitas. Que isso sim é diversidade, é equidade. E cada vez mais também demonstra o quanto a Câmara Portuguesa de São Paulo está aberta e movimentando-se para trazer mais jovens, mais mulheres, pois também é uma forma de perpetuar de forma sustentável o legado. Aquela coisa do passado de que só os homens trabalhavam ou governavam e que tinham voz, está enterrado. Isso é coisa realmente do século passado. Nesse século nem discutimos mais isso. Nesse século o poder da mulher é tão grande quanto o do homem. O conselho que eu dou é: Você pode, você pode, você pode.

Eu acho que nós mulheres, eu me incluo nisso, a gente se sabota muito na questão de “poxa, não sou tão boa quanto”, “não sou tão capaz”, “talvez não tenha formação suficiente”. Há diversos estudos que mostram que as mulheres realmente se colocam sempre num lugar de inferioridade. Então você pode, você deve pertencer, você deve falar. “Ah, mas só tem homem”. Qual o problema? Você será a mulher que estará lá. Ter esse passo para pertencer em lugares que a gente não pertencia é uma forma de empreender. É uma forma da gente criar pontes para estarmos cada vez mais dentro do mercado. Uma coisa que eu sempre digo: quer empreender, junte-se com mulheres. Dê a oportunidade para mais mulheres. Tem muita mulher que ascende, mas talvez não leve mais mulheres junto. A sororidade, o não julgar, pois às vezes julgamos por inveja, é normal, é do ser humano, eu já fiz isso como todo mundo já fez. A gente julga por inveja, por projeção. Vamos nos juntar e formar uma base de aliadas que assim chegaremos muito longe.

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