Da Redação
Com RTP
A Fundação Calouste Gulbenkian lançou um estudo sobre o futuro do Ensino Superior em Portugal. Coordenado pelo antigo ministro da Educação e antigo Presidente do Conselho Nacional de Educação, Júlio Pedrosa, este estudo defende um modelo binário de universidades e politécnicos, com fins e carreira de docentes distintas.
“Educação Superior em Portugal, Uma nova perspetiva”, o estudo da Gulbenkian foi apresentado dia 11 na Fundação e surgiu no seguimento de um estudo da Associação das Universidades Europeias.
O ex-ministro da Educação disse à Lusa que “houve um entendimento de que as conclusões desses estudos fossem avaliadas, aferidas, vistas com sentido critico”.
O estudo, realizado por Pedro Nuno Teixeira, Maria João Guardado Moreira e Artur Miguel Santoalha, partiu da análise da realidade das diferentes regiões de Portugal, através de estudos demográficos, taxas de natalidade e qualificações de vários grupos etários.
Com esta análise os autores pretendiam identificar o tipo de rede existente e como é avaliada pelos diferentes grupos, quem procura educação superior em Portugal e comparar com sistemas idênticos da Holanda, Dinamarca, Finlândia e Irlanda.
O estudo conclui que esta estrutura de rede de educação superior é baseada num sistema binário, que diferencia instituições universitárias e politécnicas e que contribui para o desenvolvimento das regiões que acolhem estas instituições.
Este modelo cobre todo o território nacional, o que é uma vantagem para o desenvolvimento das regiões. No entanto, o estudo apela à clarificação das especificidades e missões de ambas as instituições, universidades e politécnicos, como os sistemas de financiamento e os estatutos de carreira dos docentes.
“A evidência recolhida nos casos de estudos internacionais, das audições aos grupos de interessados no país e da reconhecida diversidade cultural, social, econômica e demográfica existente no território, sustenta que se preste também atenção à diferenciação na investigação desenvolvida nas instituições universitárias e nas instituições politécnicas e ao modo de financiamento”, escreveram os autores no livro.
As ofertas formativas e a sua adequação às necessidades socioeconômicas dos territórios necessitam de ajustamentos de forma a melhorar a capacidade de resposta à diversidade de contextos sociais, econômicos e culturais do território nacional, de acordo com o estudo, requerendo, para isso, uma avaliação das ofertas formativas.
A qualificação da população foi um dos pontos analisados, considerando os vários grupos etários, e os resultados concluíram que a qualificação adulta é frágil. Uma vez que no grupo de pessoas entre os 25 e os 34 anos ainda se registam 40% com o máximo de 9º ano de escolaridade, o estudo apela a mais investimento na formação deste grupo.
“Há uma recolha de toda a literatura científica desde a parte formativa até a investigação e internacionalização. Gostaríamos que se este estudo for para ser considerado era importante que o Conselho Coordenador do Ensino Superior e um grupo de missão a criar vissem como é que podemos aprofundar a rede de educação para responder às necessidades do país”, disse Júlio Pedrosa à Lusa.