Da Redação
Com Lusa
Na sexta-feira, a França comprometeu-se a tratar de assuntos de segurança marítima com Moçambique “numa lógica de vizinhos”, segundo o ministro francês para a Europa e Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian.
A vizinhança diz respeito à jurisdição francesa sobre diversas ilhas do canal de Moçambique, no oceano Índico, que fazem da segurança um dos “desafios comuns”, como referiu o governante.
Os ataques armados em Cabo Delgado, Norte do país, onde a petrolífera francesa Total constrói um megaprojeto de exploração de gás natural, também foram abordados no encontro que manteve esta tarde com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
Mas Jean-Yves Le Drian não entrou em detalhes e os jornalistas não tiveram direito a perguntas no final de uma declaração conjunta com a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Verónica Macamo – logo após o encontro com Nyusi.
Segundo Macamo, na reunião, o ministro francês ficou a saber que “o povo vive dias maus” em Cabo Delgado, para onde são necessárias “outras soluções” que não passem pelo recurso às armas para devolver a paz à província.
Em causa, os ataques de grupos armados – reivindicados pelo Estado Islâmico, mas cuja origem permanece obscura – que desde 2017 já provocaram, pelo menos, 350 mortos e afetaram 156.400 pessoas.
Seja como for, Jean-Yves Le Drian frisou que a França está empenhada em “apoiar o processo de paz” sustentado pelo acordo de paz assinado entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, em agosto de 2019.
A par da paz, há um compromisso com o desenvolvimento econômico, assinalou.
Neste último dossiê, o país já soma 60 empresas e 12.000 postos de trabalho criados em Moçambique, sobretudo nos setores agroalimentar, das pescas e energias renováveis, referiu, números aos quais se poderão juntar 14.000 empregos no complexo industrial de exploração de gás natural de Afungi.
Ou seja, é um megaprojeto em que os dois países saem a ganhar, destacou.
O ministro francês disse que os temas abordados voltarão a estar em cima da mesa em junho, quando o Presidente moçambicano participar na cimeira África-França sobre o tema dos territórios e cidades sustentáveis, na cidade francesa de Bordéus.
Filipe Nyusi já foi convidado pelo seu homólogo a estender a visita a França para lá do programa da cimeira e retribuiu fazendo o convite para Emmanuel Macron se deslocar a Moçambique no final do ano ou início de 2021.
Jean-Yves Le Drian aterrou dia 20 em Maputo depois de um périplo pelas ilhas Maurícias e Madagáscar, seguindo de Moçambique com destino a França.
O programa de sábado na capital lusófona inclui uma visita ao navio militar francês Champlain, que fará uma escala no porto de Maputo e onde Le Drian vai manter conversações com o ministro da Defesa, Jaime Bessa Neto.
Parte das águas do canal de Moçambique pertencem a ilhas habitadas e ilhéus desertos que fazem parte dos territórios ultramarinos franceses, tornando frequente a presença da Marinha de França.