Forte tempestade ou ciclone ameaça até 300 mil pessoas em Moçambique – Cruz Vermelha

Foto Habitantes de Chiluvi, aldeia do centro de Moçambique, a andarem por uma rua alagada depois da passagem do ciclone Idai e das cheias que assolam a região desde quinta-feira à noite, em Nhamatanda, Moçambique. ANDRÉ CATUEIRA/LUSA

Da Redação com Lusa

Uma tempestade tropical que se pode transformar num ciclone deverá atingir o norte e centro de Moçambique a partir de terça-feira com ventos fortes e inundações que podem afetar entre 25 e 300 mil pessoas, anunciou a Cruz Vermelha.

“Um ciclone ou uma tempestade tropical deve atingir a região norte de Moçambique em 24 de janeiro”, anunciou a Federação Internacional da Cruz Vermelha, num plano de emergência publicado na sexta-feira, baseada em previsões com 60% de fiabilidade.

O país atravessa a época chuvosa e ciclônica, que acontece anualmente entre outubro e abril, e que costuma levar tempestades e ciclones do oceano Índico contra a costa leste da África Austral.

Desta vez esperam-se chuvas torrenciais e ventos fortes, que podem atingir 166 quilômetros por hora no pior dos cenários, nas províncias de Sofala, Nampula e Zambézia, onde vive cerca de metade dos 30 milhões de habitantes do país.

A Cruz Vermelha prevê que pelo menos 25.000 pessoas sejam afetadas, mas se as piores previsões se concretizarem o número pode chegar a 300.000.

O plano da organização humanitária antevê destruição de várias infraestruturas e casas (a maioria são de construção precária), perda de produção agrícola com agravamento da insegurança alimentar, falta de água potável e risco acrescido de doenças relacionadas com águas estagnadas, como cólera e malária.

O impacto deverá intensificar a deslocação interna de habitantes de zonas rurais para espaços urbanos onde já há falta de habitações dignas e onde a pandemia de covid-19 tem dificultado encontrar trabalho.

A operação da Cruz Vermelha vai incidir em “medidas de preparação nas regiões de Sofala, Nampula e Zambézia, conforme a trajetória da tempestade ou ciclone se forme nas próximas 48 horas”, lê-se no documento, segundo o qual há 880 voluntários prontos para entrar em ação.

Parte vai fazer um levantamento logo após o primeiro impacto da tempestade, outra está já a colocar antecipadamente materiais de ajuda e equipamento em diversos locais, bem como a preparar centros de acolhimento.

Muitos dos intervenientes estiveram no terreno durante os ciclones Idai e Kenneth, que atingiram o país em março e abril de 2019.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois dos maiores ciclones (Idai e Kenneth) de sempre a atingir o país.

Na atual época de tempestades, pelo menos 14 pessoas já morreram e outras 53.269 foram afetadas por desastres naturais desde outubro, segundo o mais recente relatório do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) de Moçambique.

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