Da Redação
Com Lusa
Portugal é um dos países do euro que terá um déficit orçamental e uma dívida pública mais elevados em 2015, uma situação que se manterá inalterada em 2020, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI).
No ‘Fiscal Monitor’, um documento divulgado em 15 de abril e que é preparado semestralmente pelo departamento de estudos orçamentais do FMI, gabinete atualmente liderado pelo antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar, o FMI reitera as previsões que divulgou em março: Portugal terá um déficit de 3,2% no final deste ano e uma dívida pública de 126,3% do Produto Interno Bruto (PIB), desempenhos que estão entre os piores quando comparados com os dos restantes países da moeda única europeia.
Quanto ao déficit orçamental, em 2015, apenas Espanha (4,3%), a Eslovênia (4%) e França (3,9%) deverão ter contas públicas mais negativas do que Portugal, segundo as estimativas do Fundo, que espera que a situação relativa de Portugal face aos restantes países permaneça praticamente inalterada em 2020.
Para 2020, a instituição liderada Christine Lagarde antevê que apenas a Eslovênia (3,7%) tenha um déficit mais profundo do que Portugal (2,5% do PIB), surgindo Espanha na terceira posição (1,5%).
Relativamente à dívida pública, o FMI prevê que Portugal mantenha o rácio da dívida face ao PIB acima dos 120% pelo menos até 2020, sendo – tanto em 2015 como no último ano da projeção – Portugal será o terceiro país da zona euro com um maior peso da dívida, apenas ultrapassado pela Grécia e pela Itália, que deverão chegar a 2020 com dívidas de 124,2% e de 122,4%, respectivamente.
Quanto à dívida líquida de depósitos das administrações públicas, as estimativas do Fundo indicam que, no caso de Portugal, esta passe dos 119,2% do PIB este ano para os 116,4% em 2020.
Na zona euro, só a Grécia terá este indicador mais elevado do que Portugal, esperando o FMI que, excluindo depósitos, Atenas tenha uma dívida de 169,9% em 2015 e de 122% em 2020.
O Fundo prevê ainda que, em 2015, apenas cinco países do euro tenham uma dívida pública abaixo dos 60% do PIB, o valor de referência na Europa: Estónia (10,1%), Luxemburgo (26,3%), Letónia (37,7%), Lituânia (38,1%) e Eslováquia (53,9%).
Em 2020, o número de países que cumpre este critério deverá subir para oito, incluindo-se a Alemanha (56,9%), Holanda (59,2%) e Malta (59,8%).
No documento, o FMI reitera que, na maioria das economias desenvolvidas, a baixa inflação e o fraco crescimento “afetam negativamente a dinâmica da dívida” e estima que, “se o crescimento nominal alcançasse os 4% em 2017 em países que agora têm baixo crescimento e baixa inflação, o rácio médio da dívida em 2020 seria mais baixo em seis pontos percentuais” do que o estimado no cenário base.
Para alguns países, onde se inclui Portugal, o impacto de um crescimento nominal desta dimensão seria ainda maior, representando uma dívida inferior em cerca de 10 pontos percentuais.