Uma poetisa representando Portugal
Ela era poetisa, nascida em Vila Viçosa, em 1894. Florbela Espanca viveu em uma época em que a igreja e a sociedade ditavam regras, posições e atitudes. Uma vida conturbada e uma morte trágica fazem desta personagem de vida real ser um enigma.
Florbela de Alma da Conceição foi batizada como filha de pai e avós incógnitos, e criada pela madrasta, da mesma forma que seu irmão de sangue, Apeles Espanca. Muito precocemente começou a escrever poemas, revelando seus pensamentos, angústias e paixões. Neles referia-se ainda ao Alentejo e locais ligados a sua origem, exaltando sua pátria, Portugal.
Ensinou inglês, francês e outras matérias, antes de cursar direito na Universidade de Lisboa, aos 22 anos. Nesta época, Florbela editou seus primeiros livros, Livro de Mágoas em 1919, e em 1923 Livro de Soror Saudade. Casou-se por três vezes. Do primeiro marido, Alberto Moutinho, usou o apelido em alguns escritos. Do segundo, António Guimarães, não constam muitas citações. Do terceiro marido, Mário Lage, uniu o apelido à assinatura usual, nas suas traduções.
A sua vida foi profundamente marcada com os casamentos falhados e a morte do irmão, quem sempre esteve fortemente ligada afetivamente, num acidente com o avião que tripulava sobre o rio Tejo, em 1927. Sua saúde agravou, sobretudo psicologicamente, em dezembro de 1930, quando, em Matosinhos, cometeu suicídio no dia em que completaria 36 anos.
Florbela Espanca não esteve claramente ligada a nenhum movimento literário. Suas obras se aproximam mais do neo-romantismo, já que foi adepta a poetas portugueses e estrangeiros do fim-de-século, e da revolução dos modernistas. O seu pai, após 19 anos de sua morte, a assumiu como filha na oportunidade da inauguração de um busto, em Évora, e por insistência de um grupo de florbeliano. Mesmo que tardio, Florbela Espanca foi considerada uma das mais importantes figuras femininas na literatura portuguesa das primeira décadas do século XX.
Florbela Espanca
“Quando algum morre, dizem: os vivos ficam-se a rir. Apesar dos risos, são os vivos que eu lamento”
Peça- Em sua homenagem, o Grupo Botija apresenta a segunda temporada da peça teatral “Florbela Espanca”, no Teatro João Caetano, em São Paulo. Não se trata de uma biografia, segundo o grupo, mas de uma representação da mulher, poetisa, diante de tantos sentimentos, repreensões e emoções conturbadas. A peça fica em cartaz durante o mês de outubro, até final de novembro. Vale a pena conferir.
Grupo Botija- Criado em 2004 com o objetivo de se aprofundar no estudo teatral, o Grupo Botija recebeu um texto de Alcides Nogueira sobre a portuguesa Florbela Espanca. Seis meses depois, após muito estudo sobre a obra e sua biografia, a peça foi montada.
Além do circuito teatral, faz parte do projeto do Grupo Botija, apresentar Florbela Espanca em escolas públicas. “Acreditamos que somente através de um refinamento cultural é que é possível melhorar o ser humano e por extensão, a sociedade. É notória a falta de oportunidade, das classes menos favorecidas, ao acesso a um evento cultural de boa qualidade, e como o teatro tem em sua essência um dever sócio-cultural, colocamos nossa boa vontade a serviço do social”.
Outras informações com o produtor cultural do Grupo Botija, Maciel Oliveira: (11) 9589-5106 / João Ângelo: (11) 9847-6391 / ou no e-mail [email protected]
Florbela Espanca
Texto de Alcides Nogueira
Direção: Fábio René
Assistente: Cândice Cruvinel
Produção e Elenco: Grupo Botija
Re-estréia dia 10 de Outubro às 21h00
Preço: R$ 10,00
Teatro João Caetano
Censura 14 anos