Flávio Martins reconduzido como presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas

Flavio Martins. Foto Miguel A. Lopes / Lusa

Mundo Lusíada com Lusa

 

Flávio Martins foi reconduzido, por unanimidade, como presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), em Lisboa.

A eleição de Flávio Martins, conselheiro das comunidades portuguesas eleito pelo Brasil, foi realizada na quarta-feira, durante o segundo dia do primeiro plenário mundial do CCP desde as eleições de 2023 e após alterações na legislação que regula este órgão consultivo do Governo para a emigração.

A reunião plenária arrancou na terça-feira e decorre até este dia 10, quando terminam três dias de trabalhos que começaram com uma sessão plenária na Assembleia da República, em que participaram o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, e o presidente cessante do Conselho Permanente.

A equipa de Flávio Martins contará com os conselheiros Paulo Marques (França) como vice-presidente, e Rui Marcelo (Macau) e Vasco Abreu (África do Sul) como secretários.

Em relação aos conselhos regionais, foram eleitos Vitor Oliveira (Toulouse) pela Europa, Rui Marcelo (Macau) pela Ásia e Oceânia, Elisabeth Serrão (Pretória) por África, Paulo Pereira (Toronto) pela América do Norte e António Gomes (São Paulo) pela América Central e do Sul.

Flávio Martins tinha sido eleito presidente do Conselho Permanente do CCP em abril de 2016, para um mandato de três anos, que acabou por durar até 2023, com uma pandemia pelo meio.

Na altura em que foi eleito defendeu um órgão mais pró-ativo junto das autoridades de Portugal.

Em novembro de 2023, quando anunciou que se recandidataria ao cargo de conselheiro, disse à Lusa que deixava a presidência do Conselho Permanente (CP) do CCP com a consciência de que também este está hoje diferente e que os emigrantes portugueses e lusodescendentes têm hoje um conselho com maior importância, embora se queixe de Portugal ouvir pouco os portugueses que vivem foram do seu país.

“Acho que temos ainda muito trabalho a ser feito. Avançámos bastante em algumas questões mais públicas de apoio às comunidades e mais ainda na estruturação do CCP”, disse.

Para o presidente do CCP, o mundo mudou desde 2016, mas também as próprias comunidades portugueses que são hoje “cada vez mais dinâmicas, no sentido de estarem a integrar-se perfeitamente nos países de acolhimento”.

O CCP também mudou através da alteração da lei que o regula, um processo longo, mas que promoveu alterações que, para Flávio Martins, podiam ter ido mais longe, como a possibilidade do voto eletrônico.

Em resultado desta alteração legislativa, o número de conselheiros aumentou de 80 para 90. Também o orçamento do CCP cresceu de cerca de 100 mil euros para 420 mil euros, ainda assim aquém dos 480 mil euros propostos pelo CCP.

O CCP reúne-se ordinariamente em plenário, uma vez por mandato, e extraordinariamente quando, por motivos especialmente relevantes, isso se justifique.

\”aspeto histórico\” ultrapassado

O presidente do CCP afirmou hoje que a emigração foi um “aspecto histórico” e que as atuais comunidades são compostas por portugueses e lusodescendentes que, no estrangeiro, continuam a defender os interesses de Portugal.

“Não podemos olhar, de Portugal, para a emigração como a das décadas de 50/60 [do século XX]. Hoje, a diversidade é muito grande”, disse Flávio Martins, recém-eleito presidente do Conselho Permanente (CP) do CCP, que hoje terminou o seu plenário mundial de três dias, em Lisboa.

E adiantou: “Está na hora de transpormos esse muro, de virarmos a página, de afirmar a quem vive em Portugal que lá fora não temos apenas gente que emigrou – independentemente do seu valor –, mas também quem já nasceu fora deste país”.

Para Flávio Martins, uma das melhores formas das comunidades preservarem “o que de melhor tem Portugal” é apostar nos mais jovens, como os nascidos no exterior, mas que preservam a cultura do país dos seus pais.

Por essa razão, foi decidida a criação de uma comissão da juventude, para os conselheiros mais jovens.

Aplaudido de pé pelos conselheiros que hoje o elegeram, Flávio Martins terminou a sua intervenção afirmando: “Apenas queremos ser portugueses como qualquer uma e qualquer um neste país”.

Presente nesta cerimônia de encerramento do plenário mundial, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, reiterou o que dissera na sessão inaugural: “É preciso mexer na legislação eleitoral”.

“Vamos dar o nosso contributo nesta matéria que é, contudo, da competência da Assembleia da República, mas as pessoas não podem continuar a votar de uma forma numas eleições e de outra forma nas outras”, observou.

Cesário considerou ser positivo se o voto eletrônico for aprovado, embora apenas após reunidas todas as condições para este ato ser feito em segurança.

A melhoria do funcionamento dos consulados e a continuação do apoio ao movimento associativo, aos órgãos de comunicação social na diáspora e o apoio social a quem passa por grandes necessidades, pois “há muita pobreza por esse mundo fora”, foram ideias que Cesário transmitiu aos conselheiros.

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