Da Redação
Foi bonita a festa, ó pá!// Mas certamente, esqueceram uma semente// Em algum canto de jardim. Os ecos democráticos da Revolução dos Cravos em Portugal, em 1974, cantada por Chico Buarque, fizeram se sentir em diferentes segmentos do país nos anos seguintes. No campo da saúde coletiva, houve a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que permanece vigente até hoje nos cuidados de saúde dos portugueses, guardando semelhanças e diferenças com o SUS brasileiro, assim como desafios e lutas por fortalecimento e consolidação.
O SNS português, seus marcos e atores envolvidos, é o enredo do documentário português A Criação do Serviço Nacional de Saúde: a conquista de um direito (1974-1979), que está estreando na Plataforma de Filmes VideoSaúde Fiocruz e serve de gancho para mais uma sessão de debates do Núcleo de Estudos Audiovisual em Saúde (Neavs/VideoSaúde) – realizado nesta edição em parceria com a Plataforma IdeiaSUS Fiocruz – ao reunir produtores do filme e especialistas brasileiros.
O filme é uma pequena joia sobre a memória do SNS. Resgata imagens e vídeos históricos, colhendo depoimentos de época e atuais que trazem reflexões sobre como o SNS foi concebido e começou ser implantado. Apresenta como os portugueses foram buscar referências nos sistemas de saúde públicos do Reino Unido, da União Soviética, da França e nas resoluções da Organização Mundial de Saúde (OMS). Revisita os indicadores de saúde pré-SNS e como o sistema tratou de reverter o combate a endemias, às dificuldades de acesso, a abertura de clínicas populares e a nacionalização de hospitais particulares.
A narrativa também se vale de resgate de depoimentos de pessoas sem acesso à saúde, revisita o Serviço Médico à Periferia – que partiu para o interior do país para levar saúde a todos -, e aponta os desafios atuais do SNS num contexto de aumento populacional e mercantilização da saúde.
O documentário foi criado e finalizado durante a pandemia de Covid-19, a partir de pesquisas de imagens e documentos do Centro de Documentação 25 de Abril – ligado à Universidade de Coimbra – e conta com depoimentos de diferentes profissionais e pensadores que participaram ativamente da criação do Serviço Nacional de Saúde de Portugal, como Carlos Leça da Veiga, Franscisco George, Jorge Seabra, João Pereira de Almeida, Graça Patrício e Manuel Alves. Conta, ainda, com o olhar da cineasta Margarida Gil sobre o tema, revisitando os dias pós- Revolução dos Cravos e os contextos vividos em Portugal naquele momento – ela foi produtora de um documentário sobre clínicas populares de saúde em 1975.
Serviço:
Evento: Sistemas de saúde, construção de memória, permanências e imaginários pelo audiovisual: o SUS português na tela. Debate sobre o filme A Criação do Serviço Nacional de Saúde: a conquista de um direito (1974-1979).
Data: 14 de novembro (terça-feira)
Horário: de 9 às 11h