Filme sul-coreano ‘Parasita’ é o vencedor do Oscar 2020

Da Redação

O longa sul-coreano Parasita fez história na cerimônia do Oscar, domingo em Los Angeles, ao se tornar o primeiro filme em língua estrangeira a obter a premiação de melhor filme, conquistando ainda outras três categorias, incluindo a de melhor diretor.

Nenhum filme estrangeiro jamais havia conquistado a premiação máxima nos 91 anos da academia de cinema.

Parasita é uma comédia sarcástica sobre uma pobre família que reside em Seul, na Coréia do Sul, e que alcança um status de classe média alta. Dirigido por Bong Joon-ho, o filme foi aclamado por ilustrar a divisão social existente na Coreia.

A película também conquistou premiações de melhor roteiro original e de melhor filme estrangeiro.

Enquanto isso, Kazu Hiro, nascido no Japão, ganhou seu segundo Oscar na categoria maquiagem e cabelo, por seu trabalho em Bombshell. O filme aborda casos de abuso sexual na emissora de TV Fox News.

O primeiro Oscar da 92.ª edição dos prêmios da Academia de Hollywood foi entregue a Brad Pitt como melhor ator secundário, pelo desempenho em Era Uma Vez em… Hollywood, de Quentin Tarantino.

O ator Tom Hanks, pelo desempenho em Um Amigo Extraordinário, Anthony Hopkins, em Dois Papas, Al Pacino, em O Irlandês, e Joe Pesci, em O Irlandês, eram os outros quatro candidatos.

A entrega do Oscar de melhor ator secundário abriu a cerimônia de celebração da indústria cinematográfica norte-americana, em Los Angeles, uma solenidade de novo sem apresentador e com Joker, de Todd Phillips, reunindo onze indicações, o maior número da noite, entre as quais as de melhor filme, melhor realizador e melhor banda sonora.

Joker foi seguido de perto por O Irlandês, de Martins Scorsese, Era uma Vez… em Hollywood, Quentin Tarantino, e 1917, de Sam Mendes, com dez indicações cada, entre as quais, as categorias de melhor filme e melhor realização.

A produção brasileira Democracia em vertigem não venceu na categoria documentário. O ganhador neste quesito foi Indústria americana, de Julia Reichert e Steven Bognar.

Discursos

Ao longo da noite, várias vozes femininas pediram maior diversidade e abertura na indústria, depois de a Academia ter sido criticada por ignorar mulheres realizadoras e atores não brancos.

Hildur Guðnadóttir, que ganhou o Óscar para Melhor Banda Sonora Original em “Joker”, disse que está na altura de abrir a indústria a mais mulheres. Julia Reichert, que venceu o Óscar de Melhor Documentário por “Um Fábrica Americana”, com Steven Bognar e o produtor Jeff Reicher, além de apelar ao sindicalismo, à união dos trabalhadores, também afirmou que as mulheres devem ajudar-se mutuamente e já não precisam de se encaixar no patriarcado. Laura Dern considerou que há agora papéis mais entusiasmantes para as atrizes, e que há alguns anos não teria tido a oportunidade de interpretar mulheres tão poderosas.

Joaquin Phoenix, que levou o Óscar de Melhor Ator Principal por “Joker”, não passou pelos bastidores para dar entrevistas, mas usou o seu discurso para abordar várias causas. Phoenix considerou que “o maior presente” que lhe foi dado, assim como aos seus colegas, foi “a oportunidade de usar a voz pelos que não têm voz”.

“Se falamos de desigualdade de género, racismo, direitos ‘queer’, direitos indígenas ou de direitos dos animais, estamos a falar de luta contra a injustiça”, contra “a crença de que uma nação, um povo, uma raça, um género ou uma espécie tem o direito de dominar, controlar e usar e explorar outra sem impunidade”, afirmou, sem deixar de acusar a exploração de vacas para produção de leite e a “cultura do cancelamento”.

“Estamos no nosso melhor quando nos apoiamos, não nos anulamos, nos ajudamos a crescer, quando nos educamos e nos redimimos”, prosseguiu, aludindo, por fim, a seu irmão River Phoenix, o ator que morreu em 1993, aos 23 anos, para deixar uma mensagem de redenção, porque a ela “se seguirá a paz”.

O ator ganhou sem surpresas, tal como os outros vencedores nas categorias de representação: Renée Zellweger venceu o Óscar de Melhor Atriz Principal por “Judy”, e Laura Dern levou a estatueta de Melhor Atriz Secundária por “História de um Casamento”, enquanto Brad Pitt abriu a cerimônia vencendo na categoria de Melhor Ator Secundário, por “Era Uma Vez… em Hollywood”.

É de Brad Pitt a primeira afirmação política da noite, quando disse, ao receber o Óscar de Melhor Ator Secundário, que os 45 segundos que a Academia lhe dava para agradecer, eram “45 segundos mais do que o Senado tinha dado ao embaixador John Bolton”, como testemunha no processo de ‘impeachment’ de Donald Trump.

A seguir, nos bastidores, confessou-se “realmente decepcionado” com o resultado da semana passada, porque “quando o espírito de ‘jogada’ supera o que é certo, é um dia triste em que não se deve deixar de pensar”.

Zellweger, por seu lado, a propósito do legado de Judy Garland, recordou os heróis que unem: “Os melhores entre nós que nos inspiram a encontrar o melhor em nós mesmos”, como Neil Armstrong, Bob Dylan, Martin Scorsese ou a abolicionista Harriet Tubman, “os nossos professores os nossos homens e mulheres corajosos de uniforme, os nossos socorristas e bombeiros. E quando celebramos os nossos heróis, lembramo-nos de quem somos, como um povo, isso une”, concluiu a atriz.

Dos nove títulos que concorreram ao Óscar de Melhor Filme, todos receberam pelo menos uma das estatuetas para que estavam nomeados à exceção de “O Irlandês”. O peso-pesado de Martin Scorsese e da Netflix tinha 10 nomeações mas não ganhou em qualquer categoria.

Ainda assim, o serviço de ‘streaming’ conquistou duas estatuetas, uma por “Marriage Story” e outra por “Uma Fábrica Americana”, que ganhou o Óscar de Melhor Documentário em longa-metragem.

Da lista de surpresas na noite consta, além de “Parasitas” e Bong Joon-ho como Melhor Realizador, a vitória de “Toy Story 4” como Melhor Filme de Animação (longa-metragem), contra os favoritos “Klaus” e “Missing Link”.

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