Da Redação
Com Lusa
Olímpia Feteira, filha do milionário falecido Lúcio Tomé Feteira, admitiu neste dia 13 que o ex-deputado Duarte Lima era um advogado “na sombra” de Rosalina Ribeiro, companheira do seu pai e a quem acusa de tentar apoderar-se da sua fortuna.
Olímpia Feteira falava na qualidade de assistente no julgamento, na Instância Central Criminal de Lisboa, em que Duarte Lima, antigo líder parlamentar do PSD, está acusado do crime de abuso de confiança, nomeadamente de se ter apropriado indevidamente de cinco milhões de euros que pertenciam a Rosalina Ribeiro, de cujo homicídio está acusado no Brasil.
Questionada se tinha conhecimento de que Duarte Lima foi advogado da antiga secretária do seu pai, Olímpia Feteira respondeu que se Duarte Lima era advogado de Rosalina Ribeiro, só podia ter sido “na sombra”, pois nunca lhe passou pelas mãos qualquer documento com a assinatura do antigo deputado.
José Neto, mandatário de Duarte Lima no processo agora em julgamento, exibiu à filha do milionário uma procuração de Rosalina Ribeiro em nome de Duarte Lima e de um outro advogado, tendo Olímpia Feteira contraposto que aquela “assinatura não é a que conhece de Rosalina Ribeiro”, sugerindo que possa ter sido forjada.
Segundo Olímpia Feteira, o objetivo último de Rosalina Ribeiro seria o de substituir a “viúva do seu pai” e “ficar com a herança”, cujo valor global estimou em valor superior a 200 milhões de contos (mil milhões de euros).
A filha do milionário alegou que Rosalina Ribeiro era apenas um “affair” de Lúcio Tomé Feteira, embora tivesse pretensões de vir a ser a “Madame Feteira” e herdeira da fortuna do empresário de Vieira de Leiria.
“Queria ser a Madame Feteira e ter o estatuto que nunca teve, mas só tinha era um ‘affair’ com o meu pai”, declarou, revelando que Lúcio Tomé Feteira, apesar da idade avançada, tinha uma “vida amorosa agitada”.
A filha do milionário radicado no Brasil, descreveu ainda Rosalina Ribeiro como uma pessoa com “pouca preparação” e a quem nunca o seu pai atribuiu qualquer cargo importante nas empresas de topo que possuía.
Na audiência, Olímpia Feteira reconheceu que Valentim Rodrigues era o advogado efetivo de Rosalina Ribeiro, mas admitiu que este pudesse ter sido um mero “joguete”, obedecendo a Duarte Lima e que este último pudesse ter ajudado a companheira do pai a urdir um plano para se apoderar da fortuna.
José António Barreiros, advogado de Olímpia Feteira, exibiu em audiência uma agenda pessoal na qual Rosalina Ribeiro escreveu, com data de 1999, que ia oferecer um perfume Armani a Duarte Lima. O causídico quis demonstrar que era possível que Rosalina Ribeiro conhecesse Duarte Lima há bastante tempo e ainda antes de o milionário falecer.
Com as anotações da agenda, o advogado de Olímpia Feteira pretendeu ainda demonstrar que Rosalina Ribeiro conhecia com detalhe todas as contas (incluindo Brasil, Suíça e Estados Unidos) onde estava guardado o dinheiro do milionário falecido em 2000.
Por seu turno, João Neto confrontou Olímpia Feteira com o facto de os 5 milhões de euros que estão numa conta na Suíça serem uma parcela do dinheiro que Lúcio Tomé Feteira deixou legalmente a Rosalina Ribeiro.
O tema reveste-se de importância porque neste julgamento pretende-se apurar se aquele dinheiro serviu ou não para que Rosalina Ribeiro pagasse honorários a Duarte Lima pelos serviços prestados.
Duarte Lima foi condenado em Portugal a seis anos de prisão no ano passado pela Tribunal da Relação de Lisboa por burla qualificada e branqueamento de capitais no processo Homeland, relacionado com negócios imobiliários no âmbito do caso BPN.
O antigo deputado esgotou os recursos na Relação e no Supremo Tribunal de Justiça, tendo sido intentado um derradeiro recurso para o Tribunal Constitucional.