Fidel “acompanha tudo o que se passa” e agradece Portugal, diz Marcelo

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Mundo Lusíada
Com agencias

O Presidente português afirmou no seu encontro com Fidel Castro que teve oportunidade de “colocar questões e ouvir a experiência” do líder histórico cubano, que “acompanha tudo o que se passa no dia-a-dia”.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo Presidente e primeiro-ministro de Cuba “também é uma pessoa bem-disposta”, e por isso os dois aparecem sorridentes na fotografia do encontro divulgada.

“É natural que duas pessoas bem-dispostas em certas circunstâncias ou sorriam ou riam mesmo acerca de um comentário qualquer que foi feito, agora não me lembro em pormenor”, declarou o chefe de Estado aos jornalistas, no final de uma visita à fábrica de charutos Cohiba, em Havana.

O Presidente luso não quis adiantar muitos detalhes deste encontro privado, e remeteu para as informações divulgadas pelo jornal oficial do Partido Comunista Cubano. “Foi cerca de uma hora e como lá se diz falou-se de passado, presente e futuro. Internacional, em geral. Memórias do passado e o estado das relações bilaterais”.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “foi muito abrangente a conversa e foi muito interessante, porque se trata de uma pessoa que, por um lado, acompanha tudo o que se passa dia a dia” disse. “Por outro lado, tem aquele estilo que já conhecíamos, que é um estilo discursivo muito intenso que faz com que ser-se interlocutor dele seja muito fácil. Porque as pessoas não vão lá para falar, vão lá para ouvir”, prosseguiu.

Marcelo Rebelo acrescentou que teve oportunidade de “colocar questões e ouvir naturalmente a experiência e o ponto de vista de uma pessoa com uma vida muito cheia”.

Interrogado se tinha oferecido algum presente a Fidel Castro, respondeu que não, mas adiantou que o líder histórico cubano “muito simpaticamente” lhe escreveu uma dedicatória num livro de fotografias antigas.

Questionado se falou com Fidel sobre a resolução das Nações Unidas pelo levantamento do embargo dos Estados Unidos a Cuba, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou que “isso também foi tratado”, mas não quis entrar em pormenores.

No seu entender, contudo, “é óbvia a alegria genérica do povo cubano e das autoridades cubanas com a votação” nas Nações Unidas, “que se ouviu aliás também ao Presidente Raúl Castro”.

Segundo o mesmo jornal, o líder cubano ainda agradeceu a Portugal a oposição ao embargo norte-americano durante o encontro “amistoso”. “O camarada Fidel agradeceu esta atitude de Portugal para com a nossa pátria, sublinhando a firmeza do povo do nosso país, disposto a não esquecer os custosos danos humanos e econômicos provocados pelo bloqueio”, lê-se na notícia.

Reforçar relações
Na sequencia, Marcelo Rebelo teve encontro com presidente Raúl Castro, irmão de Fidel, e divulgaram intenção de reforçar as relações econômicas, comerciais e de cooperação.

Marcelo Rebelo de Sousa e Raúl Castro “dialogaram sobre o bom estado das relações bilaterais e ratificaram a vontade de ampliar as ligações” econômicas, comerciais e de cooperação. O texto oficial foi também divulgado através da televisão estatal cubana.

No encontro, esteve presente a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, e o embaixador de Lisboa em Havana, Luís Faro. A delegação cubana era composta pelos ministros da Economia, Ricardo Cabrisas, e do Comércio Externo, Rodrigo Malmierca.

Mundo de Projetos
O Presidente ainda afirmou que “há um mundo de projetos possíveis” de empresas portuguesas para Cuba, no turismo, construção e energias renováveis, que somam “milhões de euros” e que o Estado cubano acompanha “com interesse”.

“Logo à chegada [a Havana], o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros trocou impressões comigo e eu com ele acerca de dossiês econômicos que estão pendentes. E nós sabemos o interesse com que o Estado cubano está a acompanhar projetos de portugueses”, declarou.

Sem querer nomear empresas, o chefe de Estado adiantou que existe um projeto para a Zona de Desenvolvimento Especial de Mariel “que é mais avançado, de materiais de construção e construção”, e outros nas áreas do turismo e das energias renováveis.

“Há um mundo de projetos possíveis”, acrescentou. Quanto ao valor dos projetos, sem querer “entrar em pormenor”, disse que “são montantes apreciáveis” e que estão “ao nível, já tudo somado, de milhões de euros”.

No seu entender, “agora há uma oportunidade porque há uma abertura maior e há condições melhores para se aceitar e para se acolher esse investimento”.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “a diplomacia econômica é feita em conjunto” por “Governo, Presidente, e naturalmente a embaixada, que está a trabalhar nisso há muito tempo, e a AICEP (Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal)”.

O Presidente encerra hoje em Havana um Fórum Empresarial Bilateral Portugal-Cuba, organizado pela AICEP, que antecede a 34.ª Feira Internacional de Havana (FIHAV), que pela primeira vez tem um pavilhão dedicado em exclusivo a Portugal.

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