Festival ibérico de máscaras começou em Lisboa com participação do Brasil

Carnaval de Podence

Da Redação
Com Lusa

O Festival Internacional da Máscara Ibérica (FIMI) voltou neste dia 17 ao Jardim da Praça do Império, em Lisboa, para dar a conhecer uma das mais ancestrais tradições pagãs de Portugal e Espanha, com convidados do Brasil e da Irlanda.

O FIMI, uma iniciativa da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) e da associação cultural Progestur, vai na sua 13.ª edição, a segunda a ter lugar em Belém, e promete preencher, até dia 20 de maio, o Jardim da Praça do Império com várias iniciativas que têm que como objeto central a máscara – patrimônio cultural universal -, que incluem desfiles dos tradicionais caretos e mascarados das várias regiões de Portugal e Espanha, mas também mostras gastronômicas, artesanato, concerto, oficinas, e ainda um concurso de fotografia.

O grande Desfile da Máscara Ibérica acontece no sábado à tarde e contará com 550 participantes de 30 grupos, oito portugueses, 20 espanhóis, e, pela primeira vez, “provando que a máscara é uma tradição transversal aos quatro cantos do mundo”, juntam-se este ano o grupo Boi Tinga, do Brasil, e The Mummers, da Irlanda.

“A 13.ª edição traz uma matriz ibérica cada vez mais internacional. Estão a chegar grupos da Irlanda e outros. É a vocação da capital de um país, que mostra o que se faz no país e noutros também. São tradições ancestrais que normalmente só se podem ver nos locais de origem”, disse Joana Gomes Cardoso, presidente da EGEAC.

Segundo Hélder Ferreira, presidente da Progestur, “este é o ano da transição, porque praticamente não havia festivais na Europa com estas características e hoje há imensas, principalmente na Península Ibérica e na Europa Central, para as quais [o FIMI tem] sido um farol”.

“Queremos ser cada vez mais uma referência, não só em termos europeus mas também mundiais. Por isso não nos podemos basear só no desfile”, afirmou.

Os primeiros a chegar, que fizeram hoje uma demonstração na Praça do Império, foram Los Sidros y La Comedia de Valdesto, das Astúrias, Espanha, um grupo de mascarados que se distingue pelos chocalhos à cintura e pelos carapuços que vão da cabeça até á cintura, feitos de pele e lã de ovelha, e terminando, no topo, com uma cauda de raposa que serve para saudar as raparigas.

O papel dos Sidros tem como missão anunciar, realizar e programar as Comédias, representações teatrais que se repetem no domingo seguinte ao dos Reis.

O outro grupo hoje presente no desfile foi o brasileiro Boi Tinga, de São Caetano de Odivelas, no Pará, uma tradição que data de 1937, que integra 15 cabeçudos, cerca de 50 pierrôs, dois vaqueiros e o Boi Tinga (uma máscara que representa um grande boi preto), que incorporam o espírito da folia, ao som de sambas e marchas tocadas por alunos da escola de música.

A apresentação de quinta-feira teve como grande ausente o próprio Boi Tinga, que ficou preso na Alfândega, no aeroporto de Lisboa, segundo a organização do evento, que adiantou que estavam a tentar “desbloquear” a saída do boi, para a sua participação, pelo menos, no desfile de sábado.

Entre os vários grupos participantes, contam-se este ano os estreantes Gigantones e Cabeçudos de Viana do Castelo, Mazcaritos d’Uviéu (Astúrias), Entroido de Samede (Galiza), Merdeiros de Vigo (Vigo) e El Carnaval del Toro Morales de Valverde (Zamora).

Os concertos no Palco Ibérico voltam a trazer ritmos folk de raiz tradicional europeia, combinados com outros elementos de fusão, desta vez com as atuações, no dia 18, dos Bregia (Irlanda) e Oscar Ibáñez & Tribo (Espanha).

Durante o fim de semana é a vez dos concertos dos grupos Toques do Caramulo (Portugal), no sábado, e Realejo (Portugal) que encerram o cartaz na tarde de domingo.

Paralelamente ao FIMI, realizam-se, também pela primeira vez, ciclos de debates (no Museu Nacional de Arqueologia) e de cinema (na Casa da América Latina), o Festival Popular (do projeto EU-LAC MUSEUS) e a Noite do Museus.

Hélder Ferreira destacou precisamente esta “componente acadêmica mais forte” com debates com professores e com um ciclo de cinema que começa hoje na Casa da América Latina.

“O festival era muito fechado na Península Ibérica mas vai ser cada vez mais universal, não só no tema das máscaras mas tudo o que gira à volta, também”, disse, destacando as exposições de grupos de fotógrafos e de pintores, a pintar ao vivo o tema das máscaras.

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