Da Redação
Com Lusa
O Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) teve uma 41ª edição com taxas de ocupação “a rondar os 80%” e terá, em 2019, o “Brasil descolonizado” como tema, segundo o diretor artístico, Gonçalo Amorim.
Ainda sem números definitivos de público, o diretor explicou à Lusa que as taxas de afluência “estão acima dos 80%, em média, tendo muitos espetáculos esgotado”, o que configura “um balanço muito positivo” numa edição sem “nenhum espetáculo ou atividade cancelada”.
A reação que a direção foi recebendo em relação às várias peças incluídas na programação também foi “bastante positiva”, com as apostas internacionais, como “Caranguejo Overdrive”, da brasileira Aquela Companhia, ou “Mendoza”, dos mexicanos Los Colochos, a serem “muito bem recebidas”.
“As seis estreias de artistas portugueses e os espetáculos internacionais, todos em estreia nacional, deram muita força ao festival”, acrescentou.
O festival evocou, este ano, de 12 a 22 de junho, os “empoderamentos” em “mais de 20 espetáculos”, passando por Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Viana do Castelo e Felgueiras, além do habitual ‘quartel-general’ no Porto.
“Recebemos vários programadores no festival que ficaram muito impressionados. Queremos fomentar a circulação para estas peças e queremos para o ano crescer neste aspeto. Temos vindo a crescer, com um crescente número de programadores, e para o ano é dar mais um salto”, revelou Gonçalo Amorim, explicando que os programadores presentes são “principalmente estrangeiros”.
Este ano, o festival terá ainda mais uma peça, “Correo”, da chilena Paula Aros Gho, e uma residência artística do argentino Federico León, de 07 a 14 de outubro, de onde sairá um espetáculo a apresentar na edição de 2019.
“Correo” será apresentado no Convento Corpus Christi, em Gaia, a 14 e 15 de setembro, pelas 21:30, e apresenta, em estreia nacional, um espetáculo sobre um grupo de estudiosos de cartas que “há cinco anos recolhe e analisa missivas escritas por grandes figuras da História”, com o público a ser convidado a “diversos exercícios de escrita e leitura”.
Para 2019, o FITEI vai olhar para “o tema do Brasil descolonizado”, com o objetivo de “continuar na senda de descolonizar o discurso europeu e as palavras”, até por uma “obrigação política e ética de olhar para o Brasil como um parceiro e irmão”.
“O tempo que vive o Brasil, e o tempo artístico, com vários casos de censura à atividade performativa, obriga o FITEI a olhar para a realidade brasileira e encontrar as vozes descolonizadoras, que estão a tentar descolonizar a linguagem e romper barreiras”, acrescentou.
Com um “diálogo transatlântico” que possa também olhar para “os 500 anos de colonialismo português”, a próxima edição terá “muitas surpresas” e um olhar concentrado sobre as artes performativas em território brasileiro, mas também obras “portuguesas e de outros países”.