Por Odair Sene
No sábado 27 de Abril, aconteceu a Festa Portuguesa “Portas de Abril – Cinquentenário da Revolução dos Cravos” no Largo Mestre de Aviz Jardim Lusitânia, ao lado do Parque Ibirapuera, São Paulo.
Durante todo o dia, a praça foi o epicentro de uma celebração que contempla diversas expressões culturais, bem como uma seleção de especialidades gastronômicas tradicionais, através das barracas das casas luso brasileiras de São Paulo.
O evento foi organizado pela Prefeitura de São Paulo, com o Consulado-Geral de Portugal, o Conselho da Comunidade Luso-brasileira do Estado de São Paulo e a Casa de Portugal de São Paulo, com boa adesão das casas regionais que usaram o espaço para vendas de produtos, artesanatos, comidas típicas e apresentações artísticas.
O evento também contou com autoridades como o Secretário de Estado José Cesário, que esteve acompanhado da assessora Carolina Araújo, também do Cônsul Geral Antônio Pedro Rodrigues da Silva (com o Cônsul Adjunto Jorge Longa Marques), também representantes de sub-prefeituras, e vários líderes associativos ligados à comunidade portuguesa.
No palco vários Grupos, Ranchos Folclóricos e fadistas se apresentaram durante o dia (das 10h da manhã até 20h. Tudo gratuitamente.
Na vasta programação tivemos: Mural Coletivo – Intervenção artística; Folclore e Etnografia Região Autónoma da Madeira; Rancho Folclórico Pedro Homem de Mello; Ato solene com protocolo do jornalista Nelson Gomes (Grupo Bandeirantes); Rancho Folclórico Português Aldeias da Nossa Terra; Grupo Folclórico Adulto da Casa da Ilha da Madeira; Show de fados com Maria Emília; e Show com Rodrigo Leal fechando a programação.
Falando ao Mundo Lusíada o Secretário de Estado José Cesário disse estar feliz em ver uma grande festa popular em São Paulo, “é uma festa em comemoração do 25 de Abril, mas ao mesmo tempo temos aqui a nossa cultura, a mais genuína cultura do povo português, o nosso folclore, nossa etnografia, nossos hábitos e tradições”, disse reforçando o motivo principal dessa sua primeira visita oficial que foi de reunir-se com a comunidade visando os apoios para, com isso, promoverem Portugal ainda mais. “Sobretudo fico feliz em participar de um evento que comemora a liberdade”.
O jornalista Nelson Gomes, no palco, convidou o Dr. Antonio de Almeida e Silva, líder associativo e ex-presidente do CCLB, o atual presidente do CCLB Antero Pereira, também o Secretário José Cesário, o Cônsul Geral Antonio Pedro Rodrigues e ainda o jornalista, escritor e político alagoano Aldo Rebelo (comunista ligado por muitos anos ao Partido Comunista, depois ao MDB), atualmente é Secretário municipal de Relações Internacionais, esteve representando o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
O tema central dos discursos proferidos foi justamente a revolução que trouxe liberdade ao povo português. Citando as transformações econômicas, sociais e culturais de Portugal, Antero Pereira disse que “nesta data é o momento de recordar o caminho sob a luz da liberdade, que foi conquistado em abril de 1974, sem derramamento de sangue, e a partir daí, palavras como liberdade e democracia, começaram a fazer sentido para todos os portugueses”.
José Cesário também falou dizendo ser a primeira vez que comemora a data em São Paulo. “Para continuarmos a celebrar o 25 de Abril, é fundamental que continuemos a mudar as coisas, que não paremos, nossos jovens estão a espera dessas mudanças, e se os políticos não forem capazes de dar bons exemplos às pessoas, o 25 de Abril passa depressa [despercebido] e rapidamente passa a história, este é o nosso desafio”, disse ele reforçando estar em nome do Governo português para estar próximo dessa comunidade, citando a importancia das conquistas como dos netos dos portugueses terem direito a Nacionalidade originária dos seus avós, “foram propostas nossas que nós apresentamos na Assembléia da República e que fizemos aprovar”, disse comentando outros exemplos como o voto para presidente
José Cesário disse que veio a São Paulo para trabalhar junto ao Sr. Cônsul Antonio Rodrigues para modernizar o Consulado e o deixar mais próximo das pessoas. Assim também com as associações e os apoios para que façam mais pelos luso descendentes. “viva Portugal, viva o Brasil, viva o 25 de Abril”, finalizou.
Também usou da palavra o Sr. Aldo Rebelo que falou um pouco da história da formação de povos, na mistura com portugueses, apesar de outras nacionalidades, basicamente foram os indígenas e os portugueses que formaram o Brasil. “Portugal nos deu Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, um idioma comum, Portugal teve duas capitais até hoje, Lisboa e Rio de Janeiro, são laços históricos e culturais”.
Por fim, o Cônsul Geral Antonio Rodrigues também discursou, valorizou o evento, a comunidade, as comemorações inseridas e as relações com a comunidade. Convidou o amigo Sérgio Gomes para falar uma poesia dentro do tema do evento e na sequência o próprio cônsul convidou a todos para uma cerimônia junto ao monumento um pouco a frente, alusivo ao 25 de Abril, onde todos depositaram “cravos vermelhos”.
Associação diz que moradores ficaram divididos sobre o uso da praça
Ao Mundo Lusíada o Sr. Nelson Curi, presidente da “SOJAL” Associação dos Moradores e Amigos do Jardim Lusitânia, que entregou uma placa ao Cônsul Geral Antonio Rodrigues, em homenagem pelo aniversário de 50 anos do 25 de Abril, disse “nós compartilhamos essa alegria da comunidade portuguesa e entregamos a ele uma placa para a colônia através do embaixador, por terem alcançado a tão sonhada liberdade”.
Perguntado se os moradores gostaram da ideia do uso da praça para essa finalidade, Nelson Curi disse que o bairro é “muito polêmico”, e explicou porque teve agrados e desagrados. “Aqui tem muita gente que ama [estes eventos] e muita gente que odeia. Ontem fomos panfletar as casas para mostrar que teria o evento e os impactos do evento, antes e depois, montagem e desmontagem, alguns receberam bem, outros destrataram quem estava panfletando, reprovando pessoas de fora e o evento como um todo. A quebra da rotina é total (…) Para muitos incomoda, para outros não. Até falei ao Jorge [Cônsul Adjunto] que podia ser um pouco menos, até oito da noite é um evento gigante”, disse ele sugerindo que “seria mais ideal do meio dia até as 18h”, e reforçou que ele, particularmente, apoiou o evento.