Da Redação
Com Lusa
A 17.ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty no Brasil arranca na próxima semana e vai homenagear os 80 anos do cineasta Glauber Rocha, com a exibição do filme ‘Deus e o diabo na terra do sol’.
A longa-metragem, lançada há mais de cinquenta anos por aquele que é considerado o homem do Cinema Novo brasileiro, será apresentada no segundo dia da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, a 11 de julho.
‘Deus e o diabo na terra do sol’ narra a vida de um sertanejo (habitante do sertão nordestino brasileiro) e do seu conflito com grandes donos de terras, assim como com os caminhos que prometem levar ao céu.
“Lançado há mais de cinquenta anos, permanece como bússola do cinema e da interpretação crítica do país. Além de ser um retrato da violência e do autoritarismo característicos do Brasil, o filme investiga o cangaço (movimentos de salteadores que percorria o sertão do Nordeste brasileiro, geralmente em grupos armados, entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX) e o misticismo, guardando diversas aproximações com a obra de Euclides da Cunha, autor homenageado da Flip 2019”, referiu a organização do festival.
Glauber de Andrade Rocha, falecido em 1981, completaria em março 80 anos. Apesar de ter morrido com apenas 42 anos, o cineasta brasileiro, que foi também ator, deixou um forte legado cinematográfico, vinculado também a Portugal, onde esteve exilado.
Não só filmou o 25 de Abril a quente, através do documentário coletivo ‘As Armas e o Povo’, como mais tarde se fixou em Sintra, de onde onde só saiu nos últimos dias de vida, para regressar ao Brasil.
Além da sessão de cinema em homenagem ao brasileiro, o Flip programou ainda uma performance da cantora, compositora e cineasta Ava Rocha, filha de Glauber Rocha.
“Além dos laços de sangue, Ava Rocha recebeu, deglutiu e transformou a influência artística do pai e, bebendo também em outras fontes, faz um trabalho poderoso como compositora e cantora, totalmente conectada com seu tempo. Além disso, contribuiu com as montagens de ‘Os sertões’, que evocavam o olhar de Glauber Rocha sobre o Brasil — olhar que permanece vivo”, afirmou, em comunicado, a curadora da 17.ª edição do Flip, Fernanda Diamant.
A edição deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty decorre de 10 a 14 de julho naquela cidade brasileira do Estado do Rio de Janeiro, a meio caminho de São Paulo, e terá como principal homenageado o escritor brasileiro Euclides da Cunha (1866-1909), sociólogo e autor de “Os Sertões”, que foi correspondente de O Estado de São Paulo (1896-1897).
Dessa forma, toda a programação do Flip 2019 foi desenhada em função da relação entre Euclides da Cunha, outras linguagens e o território brasileiro, explicou a curadora do festival, Fernanda Diamant.
A escritora, psicóloga, teórica e artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba e o realizador lusitano Miguel Gomes são também presença confirmada na 17ª edição deste festival, que tem o seu início agendado para a próxima semana.