Da Redação
Com Lusa
A terceira Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) começou neste dia 07, em Salvador, na Bahia, com uma homenagem ao escritor brasileiro Castro Alves, conhecido como “poeta dos escravos”, pela ampla defesa da abolição da escravatura na sua obra.
Organizada pela Fundação Casa de Jorge Amado, a Flipelô mistura literatura, arte e gastronomia no Pelourinho, sítio histórico localizado no centro da capital baiana.
A diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, Ângela Fraga, contou à Lusa que a Flipelô foi inspirada na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), organizada desde 2003 nesta cidade do Estado do Rio de Janeiro, mas tem como particularidade a valorização da cultura regional e atividades totalmente gratuitas para o público.
“A Flipelô gira em torno da literatura. Ocuparemos espaços diversos do Pelourinho com uma programação cultural extensa, sem deixar de ser centrada na literatura”, explicou.
A responsável frisou que espera que o público seja um pouco maior do que o do ano passado, que reuniu 80 mil pessoas.
Ângela Fraga também contou que a escolha de Castro Alves (1847-1871) como autor homenageado do evento, este ano, decorre da influência que a obra deste poeta do século XIX teve na vida e obra de Jorge Amado, patrono da fundação que organiza o festival.
Castro Alves é autor de uma obra icônica da literatura brasileira chamada o “Navio Negreiro”, cujos versos denunciam os horrores vividos por milhares e milhares de negros africanos, transportados à força, como escravos, para o Brasil, durante 300 anos.
O Brasil que só aboliu a escravatura em 1888, após a morte de Castro Alves.
Entre os convidados confirmados para esta edição da Flipelô destaca-se o escritor português Bruno Vieira Amaral, vencedor do Prêmio José Saramago e do Prêmio Oceanos (2.º lugar em 2018), com “As Primeiras Coisas” (2013) e “Hoje Estarás Comigo no Paraíso” (2017).
Também participa o escritor alemão Max Annas, o colombiano Rómulo Bustos Aguirre, a mexicana María Vázquez Valdez, os brasileiros Ricardo Linhares e Eliane Potiguara, professora indígena, e a autora nigeriana Oyinkan Braithwaite.
O histórico contista, romancista e jornalista brasileiro Ignacio de Loyola Brandão, autor de “Zero”, que a censura da ditadura brasileira proibiu, é outro dos protagonistas desta edição.
O músico Martinho da Vila e a escritora Ana Maria Gonçalves também estão entre os destaques da programação.
Além das mesas de debate, o público poderá acompanhar igualmente ‘bate-papos’ com jovens, lançamentos de livros, saraus e ‘batalhas’ de poesia, além de uma programação voltada para o público infantil.
Haverá exposições, apresentações teatrais e um evento chamado a “Rota Gastronômica Amados Sabores”, que terá como tema “Amado Recôncavo”, e pratos inspirados no livro “A Cozinha Praiana da Bahia”, de Guilherme Radel.
A 3.ª edição da Flipelô acontece até domingo, dia 11 de agosto. O evento conta com o patrocínio do Ministério da Cidadania e Secretaria Especial da Cultura, do Banco do Nordeste do Brasil e de empresas privadas como a TPC Logística.