Ferreira Gullar recebe Prêmio Camões 2010

 

Arquivo Pessoal

Mundo LusíadaCom agencias

Foi em 16 de setembro que o Ministério da Cultura brasileiro, por meio da Fundação Biblioteca Nacional, entregou o Prêmio Camões 2010 ao poeta Ferreira Gullar. A cerimônia aconteceu no Auditório Machado de Assis da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

O prêmio, no valor de € 100 mil (cem mil euros), é concedido anualmente pela Fundação Biblioteca Nacional, instituição vinculada ao Ministério da Cultura, e pelo Instituto Camões, de Portugal. Gullar foi escolhido pelo conjunto de sua obra, em reunião realizada pelo júri do prêmio, em maio deste ano, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

Participaram da solenidade o Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, representando o Ministro da Cultura, Juca Ferreira; o Conselheiro cultural de Portugal, presidente do Instituto Camões e representante do Embaixador de Portugal no Brasil, Adriano Jordão; e o acadêmico Murilo Melo Filho, da Academia Brasileira de Letras.

Dizendo estar "bastante emocionado", Gullar recebeu o prêmio das mãos dos representantes dos governos brasileiro e português. "Primeiro, eu estou muito contente de ganhar esse prêmio", declarou Gullar, completando que ter sido citado entre os premiados é estar “numa companhia de gente fina", brincou.

Ele afirmou sentir-se homenageado "com a significação que tem na cultura da comunidade de língua portuguesa". "A gente escreve para o outro, o sentido da vida é o outro. É isso que justifica e que dá sentido ao que nós fazemos. Valeu a pena", afirmou.

O poeta brasileiro completou 80 anos no dia 10 de setembro, celebrando o aniversário com o Prêmio Camões e também com o lançamento do livro de poemas "Em Alguma Parte Alguma", pela Editora José Olympio. A agenda do poeta está cheia de compromissos. Gullar, que já lançou a sua obra no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebeu dia 1 no Rio, mais de 200 pessoas a pedir-lhe autógrafos.

Numa entrevista concedida à agência Lusa, Ferreira Gullar afirmou não sentir o peso da idade e disse que não fica "a pensar em prêmios". "Não participo de política literária, de disputa. Para mim, é muito especial ganhar um prêmio como o Camões", admitiu. Nascido em São Luís do Maranhão, no Nordeste brasileiro, em 1930, José Ribamar Ferreira, conhecido como Ferreira Gullar, estreou na poesia quando tinha apenas com 14 anos. Em 1954, publicou um dos livros mais discutidos da sua geração, "A Luta Corporal", que termina com a "implosão da linguagem". A partir daí, começou a fazer poemas concretos. Em 1976, publicou "Poema Sujo", considerado um marco na literatura brasileira, traduzido para diversas línguas.

Após o fim da ditadura no Brasil, Gullar retornou de seu exílio e sua poesia também tomou o rumo dos questionamentos políticos e sociais. Em 2002 teve a indicação para o Prêmio Nobel de Literatura, por intelectuais do Brasil, Portugal e Estados Unidos, mas foi este ano que o autor foi galardoado com um dos mais prestigiados prêmios da literatura de língua portuguesa.

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